Em um movimento que reflete crescente oposição interna, o Senado americano deu aval, com 52 votos favoráveis contra 48 contrários, a uma resolução destinada a anular grande parte das elevadas tarifas impostas sobre exportações brasileiras, alegando irregularidades na justificativa para tais cobranças. Essa decisão contou com o apoio de cinco membros do Partido Republicano, legenda ligada ao presidente Donald Trump, sinalizando rachas no bloco governista. No entanto, para que a proposta ganhe validade, ela depende de aprovação na Câmara dos Representantes, perspectiva improvável dada a estratégia adotada por fiéis a Trump, que aprovaram regra para barrar debates sobre contestações às tarifas.
O texto em questão, de autoria do senador Tim Kaine, questiona a legalidade das taxas extras de 40% introduzidas em julho pelos Estados Unidos sobre bens do Brasil, exigindo sua revogação imediata. Essas novas imposições se sobrepuseram às taxas de 10% já vigentes desde abril, formando um conjunto de retaliações. As ações foram divulgadas por Trump como resposta às apurações em curso no Brasil envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), relacionadas a uma suposta articulação para golpe de Estado. O rol de penalidades também abrangeu a revogação de vistos para figuras públicas brasileiras e a aplicação de sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, invocando a Lei Magnitsky.
Essa votação no Senado surge em paralelo a esforços recentes de reaproximação entre os governos de Brasil e Estados Unidos. No domingo, 26 de outubro de 2025, o presidente Lula (PT) manteve uma conversa de aproximadamente 45 minutos com Trump, durante evento na Malásia, o que representa um avanço nas tratativas diplomáticas. Na ocasião, ambos os líderes concordaram em lançar um diálogo bilateral oficial. Já na segunda-feira seguinte, delegações dos dois países realizaram o primeiro encontro técnico para explorar vias de resolução ao conflito comercial deflagrado pelos americanos.
De acordo com o senador Tim Kaine, iniciativas como essa carregam peso mais simbólico, com o intuito de expressar descontentamento quanto à estratégia tarifária da administração atual e fomentar discussões sobre “a destruição econômica causada por elas”.
Ainda que a resolução tenha sido chancelada no Senado, ela não provoca a interrupção automática das tarifas, uma vez que barreiras impostas por apoiadores de Trump na Câmara devem impedir sua tramitação.
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