O deputado federal Sanderson (PL-RS), que atua como vice-líder da oposição na Câmara dos Deputados, protocolou na terça-feira (4 de novembro de 2025) um ofício direcionado à Procuradoria Geral da República (PGR) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). A iniciativa visa examinar possíveis falhas na locação de uma embarcação de alto padrão para abrigar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a primeira-dama Janja Lula da Silva e parte de sua equipe em Belém, durante compromissos ligados à preparação para a COP30. O material completo do pedido está acessível em formato PDF, com 830 kb de tamanho.
A denúncia destaca preocupações com a ausência de critérios de economicidade, legalidade e clareza no processo de seleção do barco, que tomou o lugar de uma unidade naval oferecida sem custos pela Marinha do Brasil para acomodar o grupo. Segundo apuração da Folha de S.Paulo, divulgada na segunda-feira (3 de novembro de 2025), a preferência pelo Iana 3 surgiu de demandas por maior bem-estar, com suítes mais espaçosas e aconchegantes, mesmo que a capacidade geral de ocupantes seja reduzida. A estrutura consome cerca de 50 litros de diesel por hora, o que pode resultar em pelo menos 4.000 litros gastos no período de permanência de Lula. Recentemente, o iate serviu de cenário para uma coreografia animada realizada pela primeira-dama Janja da Silva.
Em contato com o Poder360, o deputado Sanderson criticou duramente a escolha: “Em meio a tantos problemas Brasil afora, Lula gastar quase meio milhão de reais para se hospedar num iate de luxo durante a COP30 é inadmissível. Vale registrar que a Marinha havia disponibilizado um navio gratuito, seguro, pronto para ser usado — mas foi descartado porque não era ‘confortável o bastante’”. Ele qualificou o custo como “inconveniente, absurda e inoportuna”.
A ideia de optar por uma hospedagem flutuante surgiu no início de outubro de 2025, quando Lula visitou a região amazônica. Na ocasião, o presidente expressou: “Eu vou querer dormir no barco. Ainda não tem o barco, mas eu vou encontrar um barco, que eu vou dormir no barco. Porque eu não quero luxo, eu quero vir participar dessa COP porque essa COP tem que ser a COP da verdade. Até agora a gente vai tomando muitas decisões e não tem cumprido as decisões que a gente toma”.
Características da embarcação Iana 3 Construído entre 2010 e 2011, o Iana 3 tem três níveis, mede 45 metros de extensão por 8 metros de largura e conta com sistemas completos de ar-condicionado em todas as áreas destinadas aos hóspedes. Autoridades a classificam como “adequada” para atender o presidente e seu time de apoio. Atualmente, encontra-se ancorado na Base Naval de Val de Cães, em Belém, e foi contratado via empresa Icotur Transporte e Turismo, com sede em Manaus. A equipe operacional inclui quatro membros principais como condutor, engenheiro de máquinas, zelador do deque e assistente, além de pessoal extra dedicado ao serviço aos visitantes.
Antecedentes e medidas adotadas
Essa solução de moradia em barco ganhou força em meio a um colapso na oferta hoteleira de Belém, iniciado em janeiro de 2025, com tarifas inflacionadas em estabelecimentos e opções de aluguel imobiliário para o evento da COP30. Originalmente, a Marinha forneceu uma embarcação sem ônus, trocada depois pelo Iana 3 em nome do conforto superior. Sanderson encaminhou o requerimento para que PGR e TCU analisem as alegadas irregularidades, com ênfase em despesas questionáveis e falta de divulgação no procedimento de aquisição.
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