Sobreviventes emergem em novo bombardeio americano a barco suspeito próximo à costa venezuelana

Ação ocorre em meio a escalada de tensão regional e autorização para operações secretas contra regime de Maduro
Por: Brado Jornal 17.out.2025 às 11h55
Sobreviventes emergem em novo bombardeio americano a barco suspeito próximo à costa venezuelana
Reprodução
Funcionários do governo americano relataram à Reuters, sob anonimato, detalhes de uma operação militar realizada na quinta-feira (16) contra um barco supostamente ligado ao narcotráfico no Caribe, próximo à Venezuela. Pela primeira vez nessas ações, há indícios de que membros da tripulação sobreviveram ao ataque, diferentemente de incidentes anteriores em que as embarcações foram totalmente destruídas, sem relatos de sobreviventes.

O episódio marca o sexto bombardeio dos EUA contra embarcações em águas venezuelanas desde setembro, com um total de pelo menos 27 mortes registradas até agora. Vídeos divulgados pelo governo Trump em ataques prévios mostravam destruição completa dos alvos, mas desta vez, um oficial americano confirmou à agência a presença de sobreviventes, elevando preocupações sobre a legalidade das operações sob leis de guerra e direito internacional.

A investida aconteceu um dia depois de o presidente Donald Trump anunciar, em carta ao Conselho de Segurança da ONU, que liberou a Agência Central de Inteligência (CIA) para missões encobertas dentro da Venezuela. A medida alimenta especulações em Caracas de que Washington busca derrubar o presidente Nicolás Maduro, acusado pelos EUA de liderar o "Cartel dos Sóis", rede de tráfico de drogas envolvendo altos oficiais militares venezuelanos alegações negadas pelo governo local.

O Pentágono, procurado pela Reuters sobre o novo incidente, não se manifestou até o momento. A administração Trump justifica as ações como parte de um conflito armado contra "grupos narcoterroristas" venezuelanos, permitindo o uso de poderes de wartime, como a eliminação de supostos combatentes sem ameaça imediata. No entanto, especialistas em direitos humanos e legisladores democratas questionam se as batidas cumprem normas internacionais, argumentando que suspeita de tráfico de drogas não autoriza execuções sumárias.

Em resposta, o embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, enviou uma carta ao conselho pedindo que o ataque seja declarado ilegal e que se reforce a soberania do país. Maduro, em pronunciamento televisionado, apelou por "no war, yes peace" ao povo americano e alertou: "We will never be an American colony." Ele também acusou a CIA de longa interferência no país e convocou pescadores locais para protestos contra a presença militar dos EUA, que inclui destróiers com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 tropas no Caribe.

Washington ampliou a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões, sob acusações de narcotráfico, apesar de agências de inteligência americanas não encontrarem evidências diretas ligando-o a cartéis. O governo Trump compartilhou imagens de barcos atacados, alegando origem venezuelana, mas sem provas de carga ilícita ou identidades das vítimas. Analistas veem as operações como pressão política para desestabilizar o regime, especialmente após a eleição presidencial de julho de 2024, contestada internacionalmente.

José Luzardo, porta-voz de pescadores de El Bajo, no Lago Maracaibo, expressou temor: "The Trump administration has us cornered." Centenas de embarcações participaram de uma manifestação em setembro contra o bloqueio naval americano, com Luzardo afirmando que daria a vida para defender a pátria.

O escalonamento inclui propostas internas no Pentágono para estender ataques a território venezuelano, embora Trump ainda não tenha decidido. Maduro, por sua vez, unificou bases políticas domésticas contra a "agressão imperialista", segundo o cientista político Carlos Pina.


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