Nesta terça-feira, 21 de outubro de 2025, o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, ingressou na prisão de La Santé, em Paris, para cumprir uma sentença de cinco anos por conspiração no caso de financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007, envolvendo recursos supostamente oriundos da Líbia. Condenado no final de setembro, Sarkozy, que liderou o país de 2007 a 2012, tornou-se o primeiro ex-presidente francês preso desde Philippe Pétain, condenado por colaboração com os nazistas após a Segunda Guerra Mundial.
Sarkozy saiu de sua residência às 4h15 (horário de Brasília), acompanhado de sua esposa, Carla Bruni, e chegou à prisão cerca de 20 minutos depois. Ele ficará em uma cela individual de 9 a 12 metros quadrados, equipada com chuveiro privativo, televisão (mediante taxa de 14 euros mensais) e telefone fixo. Segundo Sebastien Cauwel, chefe do sistema prisional francês, Sarkozy permanecerá em isolamento: “Ele poderá acessar o pátio de exercícios sozinho, duas vezes ao dia, terá acesso a uma sala de atividades sozinho e ficará sozinho em sua cela.”
Detalhes do caso e defesa
O caso envolve acusações de que a campanha de Sarkozy em 2007 recebeu milhões de euros do então líder líbio Muammar Kadhafi, deposto e morto em 2011 durante a Primavera Árabe. Embora Sarkozy tenha sido considerado culpado de conspirar com assessores para organizar o esquema, ele foi absolvido de receber ou usar diretamente os fundos. O ex-presidente nega as acusações e afirma que o processo tem motivação política. Em comunicado publicado na rede social X, ele declarou: “Quero lhes dizer, com a força inabalável que é a minha, que não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã é um inocente.” Ele também criticou a investigação, chamando-a de “escândalo judiciário” e apontando a falsidade de um documento que deu início ao caso.
Seu advogado, Jean-Michel Darrois, protocolou um pedido de liberdade na terça-feira. Sarkozy planeja escrever sobre sua experiência na prisão e, segundo Darrois, levou suéteres, protetores auriculares e três livros, incluindo O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, que narra a história de um homem injustamente preso buscando vingança.
Contexto histórico e reações
A prisão de Sarkozy marca um momento raro na política francesa, sendo comparada à de Pétain, em 1945. A sentença reflete uma postura mais rígida da Justiça francesa contra crimes de colarinho branco, com a aplicação de “execução provisória”, que obriga o cumprimento da pena mesmo durante a análise de recursos. Uma pesquisa da Elabe, realizada em 1º de outubro para a BFM TV, indicou que 58% dos franceses consideram o veredicto imparcial, e 61% apoiam a prisão imediata de Sarkozy.
Aliados do ex-presidente e figuras da extrema-direita expressaram indignação, enquanto o presidente Emmanuel Macron, que mantém relação próxima com Sarkozy e Carla Bruni, revelou ter se encontrado com ele antes da prisão. O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, também próximo de Sarkozy, anunciou que visitará o ex-presidente na prisão.
Histórico de condenações
Sarkozy já enfrentou outra condenação por corrupção, em um caso separado, no qual foi acusado de tentar obter informações confidenciais de um juiz em troca de favores. Nessa ocasião, ele cumpriu a pena com uma tornozeleira eletrônica. A prisão de La Santé, onde Sarkozy está detido, já abrigou figuras como o militante Carlos, o Chacal, e o ex-líder panamenho Manuel Noriega, sendo conhecida por suas condições de segurança máxima.
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