Em Bruxelas, nesta quinta-feira (18), o presidente da França, Emmanuel Macron, reafirmou a posição de seu país contra a assinatura do pacto de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, argumentando que faltam proteções adequadas para o setor agrícola europeu.
"Quero dizer aos nossos agricultores, que manifestam claramente a posição francesa desde o início: consideramos que as contas não fecham e que este acordo não pode ser assinado", declarou Macron à imprensa antes de uma cúpula de líderes da UE.
Ele também indicou que Paris resistirá a qualquer "tentativa de forçar" a aprovação do tratado com o bloco sul-americano, formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Agricultores franceses enxergam no acordo uma ameaça direta, pois produtores latino-americanos operam com normas ambientais e sanitárias menos estritas, o que poderia gerar concorrência desleal em itens como carne bovina, aves e açúcar.
Embora a Comissão Europeia tenha concedido algumas garantias para setores vulneráveis, os produtores consideram essas medidas insuficientes. Na terça-feira (16), o Parlamento Europeu validou mecanismos de monitoramento e proteção, permitindo a imposição de tarifas caso importações isentas cresçam mais de 5% ou preços de produtos do Mercosul caiam pelo menos 5% em relação aos europeus.
Mesmo com essas cláusulas, a França pede adiamento da assinatura, prevista inicialmente para sábado (20) no Brasil, durante cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, onde a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pretendia viajar para formalizar o pacto após mais de duas décadas de negociações.
A posição italiana pode ser decisiva. Na quarta-feira (17), a primeira-ministra Giorgia Meloni declarou em discurso no Parlamento que seria “prematuro” para a UE assinar o acordo agora, exigindo mais reciprocidade para proteger a agricultura. Ela expressou confiança de que as condições adequadas possam ser alcançadas no início do próximo ano.
Caso a Itália se alinhe à França, junto com Polônia e Hungria que também se opõem, formaria uma minoria de bloqueio suficiente para impedir a aprovação por maioria qualificada no Conselho Europeu.
O acordo criaria a maior zona de livre comércio do mundo, facilitando exportações europeias de veículos, máquinas e vinhos, enquanto aumentaria o fluxo de produtos agrícolas sul-americanos para a UE. Países como Alemanha e Espanha defendem a conclusão imediata, mas as resistências internas crescem, com protestos de agricultores em vários membros do bloco.
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