As comemorações do Dia do Trabalhador, realizadas na última quinta-feira, 1º de maio, em São Paulo e Salvador, organizadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e centrais sindicais, ficaram marcadas por um vexame: a falta de público. Os eventos, que tradicionalmente reúnem milhares de trabalhadores para celebrar a data e reforçar pautas sindicais, enfrentaram palcos esvaziados, gerando críticas e constrangimento entre organizadores e lideranças políticas. A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Paulo, onde ele optou por não comparecer após o fracasso de público em 2024, e a baixa adesão em Salvador reforçaram a percepção de desmobilização.
São Paulo: Plateia Vazia e Divisão Sindical
Em São Paulo, o ato principal ocorreu na Praça Campo de Bagatelle, na Zona Norte, organizado por centrais sindicais como Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central Sindical de Trabalhadores e Pública, com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) participando apenas como convidada. A expectativa era atrair milhares de trabalhadores com shows de artistas como Fernando e Sorocaba e Edson e Hudson, além de sorteios de dez carros zero quilômetro. No entanto, o evento não conseguiu lotar a praça, com imagens mostrando grandes espaços vazios, mesmo com as atrações culturais.
A ausência de Lula, que participou dos atos em São Paulo nos dois primeiros anos de seu terceiro mandato, foi estratégica. Em 2024, o evento na Neo Química Arena, em Itaquera, reuniu apenas cerca de 1.600 pessoas, segundo levantamento da USP, levando o presidente a criticar publicamente a organização, classificando o ato como “mal convocado”. Este ano, a decisão de não comparecer foi acompanhada por divisões entre as centrais sindicais. A CUT, historicamente alinhada ao PT, optou por realizar um evento paralelo em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, berço político de Lula, o que fragmentou ainda mais o público.
O ato em São Bernardo, que contou com artistas como Belo e MC Hariel, também não alcançou o público esperado, apesar da entrada gratuita. Lideranças sindicais tentaram minimizar o fracasso, argumentando que o objetivo não era apenas reunir multidões, mas discutir pautas como o fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho. Ainda assim, posts nas redes sociais, como os do perfil @PortaldoDantas, destacaram o esvaziamento, com comentários como “Com Lula ausente, ato do Dia do Trabalhador esvazia em SP”.
Salvador: Vexame Local na Capital Baiana
Em Salvador, a situação não foi diferente. O ato organizado pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), na Atento do bairro Uruguai, também enfrentou baixa adesão. Apesar das pautas relevantes, como a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1, a manifestação na capital baiana não conseguiu mobilizar trabalhadores em números significativos, tornando-se motivo de críticas locais. A falta de público foi tão evidente que o evento foi descrito como um “vexame” por observadores, com pouca repercussão nas ruas e nas redes sociais.
A desmobilização em Salvador reflete um desafio maior enfrentado pelas centrais sindicais e pelo PT: reconectar-se com as bases trabalhadoras. A ausência de lideranças nacionais de peso, como Lula, e a falta de uma estratégia eficaz de convocação contribuíram para o cenário desolador. O contraste com anos anteriores, quando atos em Salvador atraíam multidões, intensificou as críticas à organização.
Contexto e Repercussão
O fiasco de público em 2025 não é um fato isolado. Em 2024, o evento em São Paulo já havia sido alvo de críticas, com Lula admitindo falhas na convocação e apontando o dedo para o ministro Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência. A baixa adesão também foi atribuída à desunião entre as centrais sindicais, com a CUT se distanciando do ato unificado em 2025 devido a divergências, como a oposição a sorteios de brindes para atrair público.
Nas redes sociais, o tom foi de deboche. Um usuário identificado como @JuliasSa56 postou: “Fiasco em SP: Lula e PT passam vexame com ato do dia do trabalhador vazio, ninguém foi”, acompanhado de imagens do evento esvaziado. Embora aliados, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tenham tentado minimizar o impacto, afirmando que Lula mantém “uma grande ligação com o povo trabalhador”, a percepção de desgaste político é inegável.
Pautas Ofuscadas pelo Fracasso
Apesar do fiasco, as centrais sindicais tentaram manter o foco nas reivindicações, que incluíam a isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil, redução das taxas de juros, igualdade salarial entre homens e mulheres e regulamentação do trabalho por aplicativos. Em São Paulo, os ministros Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Márcio Macedo (Secretaria-Geral) e Cida Gonçalves (Mulheres) marcaram presença, reforçando o apoio do governo às pautas. No entanto, a baixa adesão ofuscou as mensagens, dificultando a projeção de força política.
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