A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (13) a terceira etapa da Operação Fake Agents no Rio de Janeiro, focando em saques irregulares do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) envolvendo treinadores e jogadores de futebol. A ação apura desvios que somam aproximadamente R$ 7,7 milhões entre 2022 e 2024.
Alvos principais dos mandados de busca e apreensão são três funcionários e ex-funcionários da Caixa Econômica Federal, cujas residências foram vistoriadas nos bairros da Tijuca, Ramos e Deodoro, além de uma agência bancária no Centro da cidade. A PF suspeita que esses bancários colaboraram para viabilizar retiradas indevidas dos benefícios.
Entre os profissionais do futebol prejudicados estão:
- Cueva, peruano com passagens por São Paulo e Santos;
- João Rojas, equatoriano que defendeu o São Paulo;
- Ramires, ex-meio-campista da Seleção Brasileira e do Cruzeiro;
- Raniel, com atuações por Vasco e Santos;
- Titi, zagueiro que jogou no Vasco e atualmente defende o Goiás.
Outras investigações preliminares apontam irregularidades nos saldos de FGTS do comentarista Paulo Roberto Falcão, do técnico Luiz Felipe Scolari (Felipão) e dos atletas Gabriel Jesus, Alejandro Donatti e Obina.
A advogada Joana Costa Prado Oliveira, já alvo de buscas na segunda fase da operação em janeiro, é considerada pela PF a principal articuladora do esquema. Ela teve a carteira da OAB suspensa preventivamente pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-RJ no final de setembro. A suspeita é de que utilizava contatos internos na Caixa para falsificar documentos e efetuar transferências sem autorização.
Os crimes em apuração incluem falsificação de documento público, estelionato e associação criminosa. A operação é conduzida pela Unidade de Investigações Sensíveis da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da PF no Rio, com apoio da área de inteligência e segurança da Caixa Econômica Federal.Início da investigação e caso emblemáticoTudo começou em maio de 2024, após denúncia de um banco privado à PF sobre tentativa de abertura de conta fraudulenta em nome de um jogador peruano. “Documentos falsos teriam sido usados para abrir uma conta em nome de um jogador peruano, que acabou usada para receber ilegalmente recursos do FGTS. O prejuízo estimado apenas nesse caso é de R$ 2,2 milhões”, informou a PF. O atleta em questão é Paolo Guerrero, com passagens por Corinthians, Flamengo e Internacional.
Dois inquéritos principais tramitam na PF: um envolvendo o técnico Oswaldo de Oliveira e outro o zagueiro Christian Chagas Tarouco, o Titi. Outros atletas com indícios de prejuízo incluem o zagueiro Juninho (ex-Botafogo), Paolo Guerrero, Ramires, João Rojas e Cueva.
O treinador Oswaldo de Oliveira, com passagens por Flamengo, Fluminense, Botafogo, Corinthians e Vasco, contratou Joana Prado para representá-lo em ações trabalhistas contra Corinthians e Fluminense. Segundo ele, a advogada recebeu R$ 2,3 milhões do clube paulista e R$ 220 mil do carioca, mas não repassou os valores. Documentos judiciais de novembro de 2024 mostram que ela assinou acordo reconhecendo que “recebeu, reteve e deixou de repassar os valores”, comprometendo-se a devolvê-los o que, conforme o técnico, não ocorreu.
Joana Prado trabalhou por 12 anos no Botafogo, onde chegou a ser diretora jurídica, integrou o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio e fazia parte da Comissão de Direito Desportivo da OAB-RJ até a suspensão. A PF investiga se ela usou essas posições para obter procurações e acessar documentos que facilitaram os saques.O que diz a defesa de Joana Prado
“A defesa da advogada Joana Prado recebeu com surpresa as informações veiculadas recentemente.
Sem prejuízo de dedicar o maior respeito ao direito à informação e à liberdade de imprensa, ressalta que os processos disciplinares instaurados no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil tramitam sob sigilo, justamente para resguardar a dignidade e a imagem dos profissionais envolvidos.
Cumpre informar que já foram adotadas todas as medidas jurídicas cabíveis, inclusive com a interposição de recurso contra a decisão que determinou a suspensão preventiva de sua inscrição na Ordem.
Ainda de acordo com a defesa, o ato é objeto de contestação por sua natureza arbitrária e por afronta ao devido processo legal e ao direito de ampla defesa e contraditório.
A defesa reitera sua plena confiança na reversão da decisão e na pronta restauração da justiça, reafirmando o compromisso da advogada Joana Prado com a ética, a legalidade e o exercício responsável da advocacia”.
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