Tiroteio na Praça Ana Lúcia Magalhães deixa moradores em pânico

Na manhã deste domingo (25), a tranquilidade da Praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba, foi interrompida por um intenso tiroteio que assustou frequentadores
Por: Brado Jornal 26.mai.2025 às 12h30 - Atualizado: 26.mai.2025 às 12h31
Tiroteio na Praça Ana Lúcia Magalhães deixa moradores em pânico
Crédito: Lina de Albuquerque/Leitor CORREIO
Na manhã deste domingo (25), a tranquilidade da Praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba, foi interrompida por um intenso tiroteio que assustou frequentadores. O local, conhecido como ponto de lazer no bairro, estava repleto de crianças brincando, pessoas caminhando e tutores passeando com seus animais de estimação quando disparos ecoaram por volta das 11h30. A violência transformou a rotina de um domingo ensolarado em momentos de terror.

Lina de Albuquerque, jornalista e escritora que caminhava na praça, relatou o desespero: “Foi um tiroteio muito forte, todo mundo se jogou no chão. Os tiros não paravam. A gente começou a achar que eles iam matar as pessoas do chão, nos abraçamos com medo. Foram alguns minutos de tiros, muitos tiros. Quem estava de longe disse que contou mais de 20, mas para a gente que estava lá no chão parecia uma eternidade”. Ainda abalada, ela acrescentou: “Eu nunca passei por isso na minha vida, estou até agora com as pernas bambas”.

Um casal que também caminhava na praça viveu o mesmo pavor. A mulher, moradora do bairro há cinco anos e que preferiu não se identificar, descreveu o momento: “Você vê sua vida por um fio, você pensa que vai morrer. Eu achei que seria baleada porque os tiros eram muito próximos. E eu só consegui me abaixar no segundo ou terceiro disparo, porque fiquei em estado de choque”. Ela relatou que foi o grito do marido que a fez reagir: “Eu ouvi o primeiro tiro e pensei que era uma bomba. Foi um som muito alto.

Foi quando ouvi os gritos: ‘polícia, polícia’, e mais disparos. Meu esposo se jogou no chão e me disse: ‘ele está vindo’. Eu me joguei com tudo, foi muito rápido”. Na queda, ela sofreu ferimentos na mão e no joelho, precisando de atendimento hospitalar. “Tive uma escoriação super profunda na mão, achei que tinha até quebrado alguma coisa. Como foi profunda, atingiu terminações nervosas e parte da musculatura”, contou.

A praça, segundo as testemunhas, estava lotada, como é comum nos fins de semana. Lina destacou a cena caótica: “Estava muito cheia [a praça], tinham crianças, teve uma moça com os filhos no chão, todos muito desesperados. Foi todo mundo para o chão, a praça inteira, foi surreal”. O trauma mudou a percepção de segurança das frequentadoras habituais. A jornalista, que mora na Barra e frequentava a praça pela sensação de segurança, desabafou: “Eu considerava um lugar seguro. Eu ia caminhar lá à noite, nunca vi nada. O meu lugar de lazer nos finais de semana era lá mesmo. Ia com amigos, parentes, mas hoje estou com medo, não sei se vou voltar lá tão cedo, eu estou traumatizada”.
A moradora anônima compartilhou o sentimento: “Me sinto muito insegura. Salvador está ficando muito instável em termo de segurança. Eu já fui assaltada, o bandido entrou no meu carro e levou celular e outros pertences. Eu ando com muito receio. Nunca poderia imaginar que aconteceria isso naquela praça, não sei quando vou conseguir voltar lá”.

Informações preliminares apontam que o tiroteio começou após assaltos na praça. Lina ouviu de um morador que três homens roubavam correntes de frequentadores, e duas mulheres também foram ao chão após terem seus pertences tomados. Quando a Polícia Militar chegou, houve disparos para o alto na tentativa de dispersar os criminosos. Um deles foi baleado e capturado, enquanto os outros dois fugiram. Uma tenente, identificada como Marivane, coordenadora da operação na 16ª Delegacia Territorial da Pituba, informou que assaltos têm se tornado mais frequentes na região.

Outra versão, compartilhada em grupos de mensagens do bairro, sugere que o tiroteio teve início após uma tentativa de assalto a uma farmácia Pague Menos, em frente à praça. Um morador relatou que sua mãe, presente na farmácia, viu a ação e correu, enquanto um policial à paisana teria reagido, iniciando os disparos. “Por sorte só o bandido foi atingido, mas andamos assustados o tempo inteiro”, dizia a mensagem.

A Polícia Militar confirmou que agentes da 35ª CIPM atenderam a ocorrência na Rua Padre Manoel Barbosa, próximo à praça, onde encontraram um homem baleado, consciente, que foi socorrido pelo SAMU. A corporação não informou quem fez o disparo ou para qual unidade de saúde a vítima foi levada. Já a Polícia Civil relatou que um homem tentou roubar a corrente de um transeunte, e, durante a fuga, outro indivíduo não identificado atirou, ferindo uma pessoa na perna. A vítima foi encaminhada ao Hospital Geral do Estado (HGE) e não corre risco de vida. A 16ª DT/Pituba investiga o caso, buscando imagens de câmeras de segurança para identificar os envolvidos.

O Instituto Fogo Cruzado aponta que, até 20 de maio, Salvador e a Região Metropolitana registraram 659 tiroteios em 2025, com 555 mortes e 123 feridos. Desde julho de 2022, foram cinco mil tiroteios, com 3.839 mortos e 998 feridos, média de 138 vítimas por mês. Os dados reforçam a crescente insegurança na região, deixando marcas profundas em quem vivencia episódios como o da Praça Ana Lúcia Magalhães.


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