Pete Hegseth anuncia fim do 'woke' no Departamento de Guerra

Nomeado por Trump, o ex-apresentador da Fox News faz discurso inflamado a líderes militares e promete eliminar influências ideológicas 'tóxicas' em meio a polêmicas sobre seu passado
Por: Brado Jornal 01.out.2025 às 11h00
Pete Hegseth anuncia fim do 'woke' no Departamento de Guerra
© Reuters
Pete Hegseth, o novo secretário do Departamento de Guerra dos Estados Unidos, nomeado pelo presidente Donald Trump, realizou um discurso contundente na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico, na Virgínia, em 30 de setembro de 2025. Diante de comandantes de alto escalão das Forças Armadas, ele prometeu uma reformulação radical nas políticas internas, com foco na eliminação de elementos associados ao que chama de agenda progressista. A mudança de nome do antigo Departamento de Defesa para Departamento de Guerra, determinada por Trump no início de setembro, serve de pano de fundo para essas declarações, com o argumento de que os EUA tiveram sucessos militares antes de 1947, quando o termo "defesa" foi adotado, e fracassos posteriores.

Hegseth, que antes atuava como comentarista na Fox News, enfatizou a necessidade de priorizar padrões tradicionais de disciplina e preparo, criticando o que considera distrações ideológicas. Ele destacou a fadiga causada pela visão de "soldados gordos" e defendeu a remoção imediata do que descreveu como "lixo ideológico tóxico do departamento". O presidente Trump esteve presente no evento, onde reforçou as posições do secretário, e todos os líderes militares foram convocados para a sessão, sinalizando o tom urgente da mensagem.

Entre as propostas, Hegseth atacou práticas de promoção baseadas em critérios como raça ou gênero, afirmando: “Por tempo demais, promovemos muitos líderes uniformizados pelos motivos errados com base em sua raça, em cotas de gênero, em supostas primeiras vezes históricas”. Ele também repudiou iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), declarando: “Chega de meses dedicados a identidades, escritórios de DEI [Diversidade, Equidade e Inclusão], caras usando vestidos. Chega de adoração às alterações climáticas, chega de divisão, distração ou ilusões de gênero, chega de entulho”. Sobre o condicionamento físico, ele ordenou aos oficiais que combatam a negligência, lamentando a presença de "generais e almirantes obesos nos corredores do Pentágono e liderando comandos pelo país e pelo mundo", e considerou exaustivo observar "tropas obesas".

O secretário defendeu regras estritas de aparência e conduta, propondo: “Chega de barbas, cabelos longos, expressões individuais superficiais”. Ele sugeriu que os militares adotem um visual mais padronizado, dizendo: “Vamos cortar o cabelo, raspar a barba e aderir aos padrões. Não temos um Exército cheio de pagãos nórdicos. Chega de barbudos”, e aconselhou que quem preferir manter barbas opte por forças especiais. No que diz respeito aos requisitos físicos para funções de combate, Hegseth elogiou o serviço das mulheres, mas insistiu em critérios imparciais: “Não se trata de impedir as mulheres de servir”. Ele acrescentou: “Quando se trata de qualquer trabalho que exija força física para o desempenho em combate, esses padrões físicos devem ser elevados e neutros em termos de gênero”. E completou: “Se as mulheres conseguirem, ótimo. Se não, é o que é. Se isso significa que nenhuma mulher se qualifica para alguns empregos de combate, que assim seja. Não é essa a intenção, mas pode ser o resultado”.

Além disso, Hegseth criticou o uso de termos como "bullying", "trote" e "tóxico" nas Forças Armadas, alegando que eles foram "transformados em armas" para minar a autoridade dos líderes. Ele planeja rever essas definições "para capacitar os líderes a impor padrões sem medo de retaliação ou questionamentos". Por fim, alertou os comandantes sêniores sobre a possibilidade de saída voluntária: “Quanto mais cedo tivermos as pessoas certas, mais cedo poderemos promover as políticas certas. Mas se as palavras que estou proferindo hoje estão deixando seu coração apertado, então você deveria fazer a coisa certa e renunciar. Nós lhe agradeceremos por seus serviços”.

A nomeação de Hegseth para o cargo não ocorreu sem controvérsias. Antes de assumir o posto, ele quase foi descartado devido a alegações de agressão sexual e consumo de substâncias ilícitas. De acordo com reportagens do jornal The Washington Post, em novembro de 2024, Hegseth teria efetuado um pagamento a uma mulher para abafar um suposto estupro ocorrido em 2017, durante uma convenção conservadora. Sua própria mãe o descreveu publicamente como um "abusador de mulheres", e ex-colegas da Fox News relataram que ele frequentemente apresentava sinais de embriaguez, como "cheirar a álcool". Hegseth negou veementemente todas as acusações, mas esses episódios geraram debates sobre sua adequação para liderar o Departamento de Guerra.


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