O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo (16), em uma postagem nas redes sociais, que os membros republicanos da Câmara dos Deputados precisam aprovar a divulgação completa dos documentos relacionados ao caso de Jeffrey Epstein. Essa posição marca uma inversão em relação à semana anterior, quando ele rotulou como "fracos e tolos" os correligionários que defendiam a transparência sobre os materiais.
"Ninguém se importava com Jeffrey Epstein quando ele estava vivo e, se os Democratas tivessem qualquer coisa, teriam divulgado antes da nossa vitória eleitoral por lavada", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. Ele enfatizou que "não se importa com o caso" e que chegou a hora de "seguir em frente dessa farsa dos democratas".
A declaração veio em um momento de tensão interna no Partido Republicano. Legisladores como Marjorie Taylor Greene, de Georgia, Thomas Massie, do Kentucky, Lauren Boebert, do Colorado, e Nancy Mace, da Carolina do Sul, assinaram uma petição para forçar uma votação na Câmara, prevista para esta terça-feira (18). A iniciativa, liderada de forma bipartidária com o democrata Ro Khanna, da Califórnia, visa obrigar o Departamento de Justiça a liberar todos os arquivos não classificados da investigação sobre Epstein em até 30 dias. Até agora, mais de 20 mil páginas já foram tornadas públicas este ano, mas ativistas e vítimas demandam acesso total, incluindo registros do FBI e do espólio do financista.
Trump, que durante a campanha prometeu revelar a suposta "lista" de clientes do esquema de exploração sexual infantil ligado a Epstein, havia pressionado nos últimos dias para barrar a votação. Ele chegou a convocar Boebert para uma reunião na Sala de Situação da Casa Branca e retirou o apoio a Greene, chamando-a de "traidora" após críticas dela à relutância do governo em divulgar mais documentos. A Casa Branca rebateu as acusações democratas de "vazamento seletivo" de e-mails, alegando que o objetivo é sujar a imagem do presidente.
Jeffrey Epstein, financista americano famoso por conexões com elites políticas, celebridades e empresários, foi detido em julho de 2019 por tráfico sexual de menores e abuso de mais de 250 garotas. Autoridades confirmam que ele se suicidou em sua cela um mês depois, mas o caso e as circunstâncias de sua morte seguem sob escrutínio público. A pressão por transparência cresceu após o Departamento de Justiça soltar documentos em fevereiro sem revelações significativas, alimentando suspeitas de que o governo Trump estaria protegendo figuras influentes.
Na quarta-feira (12), o Comitê de Supervisão da Câmara, controlado por democratas, publicou e-mails que, segundo eles, indicam proximidade entre Trump e Epstein. Em uma mensagem de abril de 2011, o financista escreveu a Ghislaine Maxwell, sua ex-assistente condenada por facilitar os crimes: “Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump.” Ele prosseguiu: “uma vítima não identificada ‘passou horas na minha casa com ele … e nunca foi mencionada uma única vez’”. Outro e-mail discute como Epstein lidaria com perguntas da imprensa sobre a relação com Trump, que na época emergia como figura política.
"Os republicanos da Câmara deveriam votar para divulgar os arquivos de Epstein, porque não temos nada a esconder", afirmou Trump em sua postagem recente. O presidente do Congresso, Mike Johnson, endossou a ideia, dizendo que a votação ajudaria a dissipar alegações de envolvimento de Trump nos abusos de Epstein.
O episódio expõe fissuras no campo republicano, com aliados de longa data como Greene acusando Trump de tentar "fazer um exemplo" para intimidar outros deputados. Sobreviventes de Epstein lançaram um vídeo na semana passada apelando à Câmara para aprovar a liberação, destacando que o caso representa uma crise para o governo. Ativistas argumentam que a população, inclusive apoiadores de Trump, clama pela publicação integral dos papéis para expor a rede de abusos.
Apesar da reversão de Trump, analistas questionam se o Departamento de Justiça, sob controle do presidente, acelerará a divulgação, mesmo com a aprovação da medida. A votação na Câmara pode passar com apoio de cerca de 40 republicanos, mas enfrentaria resistência no Senado e um provável veto de Trump, embora o gesto sirva para mitigar danos políticos à sua base MAGA, que cobra cumprimento da promessa de campanha.
O caso ganhou tração nas redes sociais, com vídeos de vítimas viralizando e comentários divididos: alguns veem a mudança de Trump como vitória da pressão popular, enquanto outros a interpretam como manobra para desviar de acusações.
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...