Trump sinaliza possível diálogo com Maduro em meio ao escalada de tensão na Venezuela

Governo americano mantém ofensiva contra cartéis de drogas enquanto considera negociações com o regime de Caracas
Por: Brado Jornal 17.nov.2025 às 09h25
Trump sinaliza possível diálogo com Maduro em meio ao escalada de tensão na Venezuela
Federico PARRA, KAMIL KRZACZYNSKI/AFP
Em um momento de intensa movimentação militar dos Estados Unidos no Caribe, o presidente Donald Trump indicou, no domingo (16), que há espaço para diálogos com o líder venezuelano Nicolás Maduro. A declaração ocorre paralelamente a uma série de ações armadas contra embarcações ligadas ao narcotráfico, que já resultaram em dezenas de mortes e críticas internacionais.

As forças armadas americanas realizaram, no sábado (15), o 21º ataque conhecido contra um barco supostamente envolvido no transporte de entorpecentes no Pacífico Leste, causando a morte de três indivíduos a bordo. "Informações de inteligência confirmaram que a embarcação estava envolvida no contrabando de narcóticos, transitando por uma rota conhecida de narcotráfico e transportando drogas", informou o Comando Sul dos EUA em uma postagem nas redes sociais.

Essa operação faz parte de uma campanha iniciada em setembro, com o Pentágono enviando navios de guerra, aviões de caça e um submarino nuclear à região caribenha. Ao todo, os bombardeios já vitimaram mais de 80 pessoas, de acordo com dados oficiais do Departamento de Defesa. O governo Trump justifica as ações alegando que os alvos são operados por organizações terroristas estrangeiras, como o Cartel de los Soles – supostamente comandado por Maduro, acusação que ele rejeita veementemente.

No mesmo dia, o secretário de Estado Marco Rubio anunciou que o Departamento de Estado classificaría o Cartel de los Soles como uma "organização terrorista estrangeira". Essa designação criminaliza qualquer suporte material ao grupo nos EUA e reforça as denúncias de que a rede colabora com a organização criminosa Tren de Aragua para traficar drogas ao território americano.

Autoridades dos EUA insistem que as ofensivas visam bloquear o fluxo de narcóticos para o país. "Estamos impedindo que traficantes e drogas entrem em nosso país", afirmou o presidente republicano. Apesar disso, o governo de Washington alega possuir autoridade legal para prosseguir, com base em um parecer do Departamento de Justiça que imuniza os militares a processos judiciais e declara os cartéis como combatentes em um conflito armado.

A sinalização de Trump para conversas com Maduro veio em declaração a jornalistas em West Palm Beach, na Flórida, antes de retornar a Washington. "Podemos ter algumas conversas com Maduro, e veremos como isso se desenrola", disse Trump. "Eles gostariam de conversar."

O presidente não avançou em pormenores sobre o teor das possíveis negociações, mas enfatizou a continuidade da pressão sobre o regime chavista. O Ministério das Comunicações da Venezuela não se manifestou de imediato sobre o pedido de comentários.

Essa postura surge após reuniões na Casa Branca na semana anterior, onde altos oficiais discutiram opções para intervenções militares na Venezuela, incluindo possíveis ataques terrestres.

Fontes próximas ao governo revelam que Trump pondera cenários pós-Maduro, como conceder asilo seguro a aliados do líder venezuelano em outro país ou até sua prisão e julgamento nos EUA por laços com o narcotráfico. Além disso, há debates internos sobre o alívio de sanções e o papel de instituições como o Banco Mundial e o FMI na reconstrução econômica de um eventual novo governo em Caracas.

Internamente, nos EUA, o tema divide opiniões. Parlamentares do Congresso, entidades de direitos humanos e parceiros internacionais questionam a legalidade das operações, argumentando que elas violam normas internacionais ao executarem indivíduos sem julgamento. Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na sexta-feira (14) indicou que apenas 35% dos americanos apoiam o uso de força militar na Venezuela para combater o tráfico sem autorização do governo local.

No cenário global, líderes como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e a mexicana Claudia Sheinbaum criticaram as ações americanas, defendendo negociações e alertando para o risco de escalada desnecessária. O Reino Unido, por sua vez, suspendeu o compartilhamento de inteligência sobre embarcações de drogas no Caribe, temendo cumplicidade em ataques considerados ilegais.

O vídeo da declaração de Trump viralizou nas redes sociais, acumulando milhões de visualizações no X até a manhã desta segunda-feira (17). "Jiu-jitsu salva vidas. E às vezes salva a vida de quem ataca também", comentou um usuário, em referência irônica a uma situação anterior, mas ecoando o debate sobre como a pressão pode levar a resoluções inesperadas.


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