Em um memorando interno divulgado na terça-feira (2), o governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, determinou a interrupção imediata de todos os processos de imigração oriundos de 19 países considerados de alto risco, abrangendo desde solicitações de green cards até naturalizações para cidadania americana. A medida, justificada por temores relacionados à segurança nacional e à manutenção da ordem pública, afeta nações já impactadas por uma proibição parcial de viagens imposta em junho deste ano.
O documento oficial, assinado pela U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS), referencia explicitamente o ataque ocorrido na semana passada contra membros da Guarda Nacional em Washington, onde um cidadão afegão foi detido como principal suspeito. No incidente, um guarda foi morto e outro sofreu ferimentos graves, em um episódio descrito como emboscada próxima à Casa Branca. "USCIS has considered that this direction may result in delay to the adjudication of some pending applications and has weighed that consequence against the urgent need for the agency to ensure that applicants are vetted and screened to the maximum degree possible", afirma o texto do memorando, destacando que os atrasos são inevitáveis para priorizar a proteção aos cidadãos americanos. "Ultimately, USCIS has determined that the burden of processing delays that will fall on some applicants is necessary and appropriate in this instance, when weighed against the agency's obligation to protect and preserve national security."
A lista de países abrangidos pela suspensão inclui aqueles com restrições totais desde junho como Afeganistão, Chade, Eritreia, Irã, Líbia, Mianmar, República do Congo, Somália, Sudão e Iêmen além de nações com limitações parciais, a saber: Burundi, Cuba, Guiné Equatorial, Haiti, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela. Todos os pedidos em andamento serão congelados, e os imigrantes dessas origens deverão passar por uma "reavaliação completa, incluindo uma possível entrevista e, se necessário, uma nova entrevista, para avaliar integralmente todas as ameaças à segurança nacional e à segurança pública".
Desde sua posse em janeiro, a administração Trump tem adotado uma postura agressiva em relação à imigração, com o envio de agentes federais a grandes centros urbanos e a rejeição sistemática de pedidos de asilo na fronteira com o México. Embora o foco inicial estivesse em deportações em massa, essa nova diretriz sinaliza uma virada maior para o controle da imigração legal, atribuindo responsabilidade às políticas do ex-presidente Joe Biden e enquadrando as ações como essenciais para a defesa nacional. O presidente também elevou o tom contra imigrantes de certas origens, como os somalis, a quem se referiu recentemente como "lixo" e declarou: "não os queremos em nosso país".
A decisão já provoca impactos práticos: cerimônias de juramento para cidadania, entrevistas de naturalização e ajustes de status foram canceladas em várias localidades, deixando solicitantes em limbo. Sharvari Dalal-Dheini, diretora sênior de relações governamentais da AILA (Associação Americana de Advogados de Imigração), afirmou que a organização recebeu relatos de cancelamento de cerimônias de juramento, entrevistas de naturalização e entrevistas de ajuste de status para indivíduos de países listados na proibição de viagens.
Além disso, autoridades do Departamento de Segurança Interna (DHS) indicam que a pausa pode ser ampliada. A secretária Kristi Noem, após reunião com Trump, recomendou a extensão da proibição de viagens para além dos 19 países, possivelmente alcançando mais de 30 nações ligadas a atividades criminosas nos EUA. A Casa Branca confirmou que uma lista expandida será anunciada em breve, alinhando-se a declarações de Trump sobre uma "pausa permanente na migração de todos os Países do Terceiro Mundo". O diretor da USCIS, Joseph Edlow, terá autonomia para decidir o fim da suspensão, enquanto uma revisão em "escala total" de green cards já concedidos a residentes desses países foi iniciada na semana passada, logo após o incidente em Washington.
Essa ofensiva reforça a plataforma anti-imigração de Trump, que prometeu desde a campanha endurecer as fronteiras e priorizar a segurança interna, mas críticos apontam para o risco de violações de direitos e atrasos indefinidos para famílias separadas.
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