Durante o 2º Fórum Brasileiro de Treinadores de Futebol, realizado nesta terça-feira, 4 de novembro de 2025, o comandante da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, respondeu às contestações feitas por Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira contra a atuação de profissionais estrangeiros no país. O evento, promovido pela Federação Brasileira de Treinadores de Futebol (FBTF), transformou-se em palco de tensão quando os ex-treinadores manifestaram descontentamento com a preferência por nomes de fora no comando de equipes e da própria amarelinha.
A controvérsia ganhou força logo após as falas dos veteranos, que culparam os próprios brasileiros pela "invasão" de estrangeiros, mas mantiveram posição contrária à contratação deles. Ancelotti, presente no local, aproveitou seu momento no púlpito para defender a integração entre técnicos de diferentes origens e questionar a força do treinador nacional no cenário internacional.
“A força do treinador brasileiro, tenho que ser honesto, não é tão forte”, declarou Ancelotti, ao reagir diretamente às críticas. “Uma das primeiras coisas que escutei e que não entendo, é o porquê o treinador brasileiro não pode treinar na Europa? Significa que a figura é um pouco fraca. Creio que é muito importante trabalhar juntos todos os treinadores para que a Federação Brasileira de Treinadores de Futebol seja forte”, completou o italiano.
Emerson Leão, campeão mundial como goleiro em 1970 e com extensa carreira como técnico, abriu o debate polêmico ao afirmar que a responsabilidade pela chegada de estrangeiros recai sobre os próprios profissionais brasileiros. "Eu sempre disse que eu não gosto de treinadores estrangeiros no meu país. Antes eu falava que eu não suportava, não suportaria treinadores (estrangeiros). Não mudo a minha opinião. Mas tenho que ser inteligente o suficiente pra dizer que isso tudo tem um culpado. Nós. Nós, treinadores, somos culpados da invasão de outros treinadores que não têm nada a ver com isso", discursou Leão.
Apesar da crítica inicial, o ex-treinador encerrou sua participação com tom conciliador direcionado a Ancelotti. "Me desculpe, mas vale a pena. Você tem tudo para se tornar uma pessoa muito importante para os brasileiros. Então, boa sorte no seu futuro. Boa sorte para você também", finalizou.
Oswaldo de Oliveira, com passagens vitoriosas por Corinthians, Santos, São Paulo e pelo japonês Kashima Antlers, reforçou o desejo por um retorno de comandantes nacionais à Seleção. "Quando o Ancelotti for embora depois de ser campeão, tomara que volte um treinador brasileiro ao comando da Seleção Brasileira", exclamou.
As declarações não passaram sem contestação interna. O presidente da FBTF, Alfredo Sampaio, classificou as falas de Oswaldo de Oliveira como “equivocado e desrespeitoso”. Já o técnico Hélio dos Anjos, presente no fórum, considerou o episódio como inadequado. A repercussão ultrapassou fronteiras, com veículos de imprensa internacionais destacando o incidente como uma demonstração de "falta de respeito" ao treinador da Seleção.Contexto do evento e das declaraçõesO fórum tinha como objetivo principal homenagear e debater o papel dos treinadores no futebol brasileiro, mas acabou marcado pelo embate ideológico sobre nacionalidade no comando técnico. Ancelotti, contratado pela CBF para liderar a Seleção em meio a um ciclo de renovação, enfrentou o constrangimento em tempo real, com as críticas sendo proferidas no mesmo auditório onde discursaria minutos depois. A troca de farpas expôs divisões no meio técnico nacional, alternando entre autocrítica e defesa de barreiras protecionistas.
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