A morte do papa Francisco, ocorrida nesta segunda-feira (21), promete redesenhar temporariamente o tabuleiro político em Brasília. A agenda do Congresso Nacional pode ser impactada pela comoção internacional e pela provável presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no funeral do líder religioso, acompanhado de uma comitiva de alto escalão — incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Motta, que é católico praticante e celebrou uma missa no dia em que assumiu o comando da Casa, ainda não confirmou se embarcará para a Itália. No entanto, caso a viagem se concretize, a Câmara deve enfrentar mais duas semanas esvaziadas — uma por conta do funeral e outra devido ao feriado de 1º de maio, que cai numa quinta-feira, tradicionalmente reservada para reuniões de líderes.
O vácuo no calendário legislativo pode frustrar a pressão de parlamentares bolsonaristas, que articulavam nos bastidores para que Motta pautasse o projeto da anistia. A proposta visa beneficiar envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, mas enfrenta resistência do Palácio do Planalto e de aliados governistas.
Para o governo Lula, o adiamento vem em boa hora. A expectativa é que o Executivo ganhe pelo menos 15 dias extras para negociar com os partidos e tentar barrar o avanço do requerimento de urgência da proposta, que ainda depende de aval das lideranças partidárias.
Enquanto isso, as imagens do papa Francisco — seja segurando uma criança brasileira no colo ou rezando sozinho na Praça de São Pedro em 2020, durante a pandemia — voltam a circular nas redes sociais, lembrando o papel espiritual e político do pontífice. Sua morte, agora, pode também reconfigurar momentaneamente os rumos de decisões cruciais no Brasil.
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