Um poderoso terremoto de magnitude 6,0 abalou o leste do Afeganistão na noite de domingo (31), deixando um rastro de destruição com pelo menos 800 mortos e mais de 2.800 feridos, segundo informações do Ministério do Interior afegão, controlado pelo Talibã. O epicentro, localizado a 27 km de Jalalabad, na província de Nangarhar, teve profundidade de apenas 8 km, o que intensificou os danos em áreas densamente povoadas por construções frágeis de barro e pedra. O tremor, seguido por cinco réplicas, foi sentido até em Islamabad, capital do Paquistão, a centenas de quilômetros de distância.
As províncias mais atingidas, Kunar e Nangarhar, enfrentam agora uma crise humanitária agravada, com vilarejos inteiros reduzidos a escombros. Em Kunar, pelo menos 610 pessoas morreram e 2.500 ficaram feridas, enquanto Nangarhar registrou 12 óbitos e 255 feridos, conforme relatou o porta-voz do Ministério do Interior, Abdul Maten Qanee. “Todas as nossas equipes foram mobilizadas para acelerar a assistência, para que um apoio abrangente e completo possa ser fornecido”, declarou Qanee à Reuters, destacando esforços em segurança, alimentação e saúde.
Socorristas, incluindo militares e civis, trabalham incansavelmente para localizar sobreviventes em áreas remotas, mas deslizamentos de terra e estradas bloqueadas dificultam o acesso. Helicópteros foram enviados para transportar feridos ao aeroporto de Jalalabad, de onde são levados a hospitais regionais. “Nunca vivenciamos nada parecido”, afirmou Ijaz Ulhaq Yaad, funcionário do distrito de Nurgal, em Kunar, à AFP. “Foi assustador, as crianças e mulheres gritavam desesperadas”, acrescentou, relatando o pânico generalizado.
O desastre, considerado um dos mais graves da história recente do Afeganistão, sobrecarrega um país já fragilizado por crises humanitárias e cortes na ajuda internacional desde a retomada do Talibã em 2021. A missão da ONU no Afeganistão expressou condolências e mobilizou equipes para assistência emergencial, enquanto o Crescente Vermelho afegão enviou equipes médicas a Kunar. “Infelizmente, o terremoto desta noite causou vítimas humanas e prejuízos financeiros em algumas de nossas províncias orientais”, postou Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, na rede social X, enfatizando que todos os recursos disponíveis estão sendo usados para resgate e socorro.
O Afeganistão é frequentemente atingido por terremotos devido à sua localização na cordilheira Hindu Kush, próxima à junção das placas tectônicas da Eurásia e da Índia. Em outubro de 2023, um tremor de magnitude 6,3 em Herat matou mais de 2.000 pessoas, e em junho de 2022, outro de magnitude 6,1 deixou cerca de 1.000 mortos em Paktika. A fragilidade das construções e a precariedade da infraestrutura agravam os impactos desses desastres. As autoridades alertam que o número de vítimas pode aumentar à medida que as buscas avançam em áreas de difícil acesso.
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