Em um marco significativo para o conflito no Oriente Médio, o grupo Hamas concluiu na madrugada desta segunda-feira (13) a soltura dos 20 reféns israelenses que permaneciam vivos sob seu controle na Faixa de Gaza, após 738 dias de detenção. A ação ocorreu como etapa inicial de um cessar-fogo negociado com mediação dos Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia, e foi anunciada oficialmente em 8 de outubro de 2025. Esses indivíduos foram capturados durante os ataques surpresa de 7 de outubro de 2023, que resultaram no sequestro inicial de 251 pessoas e no início da guerra na região.
O processo de liberação dividiu-se em duas etapas: sete reféns foram entregues às equipes da Cruz Vermelha Internacional por volta das 2h (horário local), no norte de Gaza, enquanto os outros 13 seguiram duas horas depois, vindos de Khan Younis, no sul do enclave. Após a transferência, os sobreviventes foram levados para a base militar de Re'im, próxima à fronteira, onde passaram por avaliações médicas iniciais e reencontraram familiares em cenas de grande emoção. De lá, helicópteros os transportaram para hospitais nos arredores de Tel Aviv, onde receberão suporte psicológico e tratamento completo. A mídia israelense destacou que todos estão em condições estáveis, apesar dos sinais evidentes de desgaste físico e mental acumulados durante o cativeiro.
Entre os nomes divulgados dos libertados estão Elkana Bohbot, Matan Angrest, Avinatan Or, Yosef-Haim Ohana e Alon Ohel, conforme lista oficial das Forças de Defesa de Israel (FDI). Milhares de pessoas se reuniram antes do amanhecer na Praça dos Reféns, em Tel Aviv – rebatizada em homenagem às vítimas –, acompanhando as imagens ao vivo ao som de "Habayta" ("em casa", em hebraico). "É um dia lindo, que aguardávamos há dois anos, apesar da tristeza por aqueles que não voltam e pelos quase 2.000 mortos da guerra", declarou à AFP Ronny Edry, professor de 54 anos presente no local.
O Hamas cumpriu o prazo estipulado até as 6h desta segunda para a entrega de todos os reféns vivos, conforme o acordo. No entanto, as autoridades israelenses confirmam que, dos 48 indivíduos que ainda estavam sob poder do grupo na Faixa de Gaza, 28 já foram declarados mortos, e seus restos mortais serão repatriados em cerimônia breve, com oração judaica, nos próximos dias – um processo que não deve se concluir hoje. Anteriormente, outros reféns haviam sido libertados em rodadas de negociações ou resgates militares israelenses.
Em troca, Israel iniciou a liberação de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados a prisão perpétua por atos contra o país e sua população, além de 1.700 detidos em Gaza desde o início do conflito. Os palestinos foram transportados em ônibus da Cruz Vermelha para destinos como Cisjordânia, Gaza e outros países. O plano, baseado em 20 pontos propostos pelo presidente americano Donald Trump, também prevê o fim imediato dos bombardeios israelenses, a retirada de tropas para novas posições e o aumento da ajuda humanitária, com 600 caminhões diários entrando no enclave, sob supervisão da ONU.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu recebeu Trump no aeroporto de Tel Aviv nesta segunda, marcando a primeira visita do líder americano a Israel desde o anúncio do acordo. Trump planeja discursar no parlamento israelense em Jerusalém e participar da Cúpula sobre Gaza em Sharm el-Sheikh, no Egito, com cerca de 20 líderes mundiais. Apesar do avanço, questões como o desarmamento do Hamas, a transição de governo na Faixa de Gaza e a fiscalização do cessar-fogo permanecem em debate, com a Casa Branca afirmando que as negociações prosseguem para garantir a estabilidade regional. Especialistas alertam para a fragilidade do pacto, mas a liberação representa um alívio humanitário e um passo simbólico rumo à paz, embora desigualdades na troca de prisioneiros e ressentimentos persistam entre as partes.
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