Na noite de terça-feira (29.abr.2025), uma intensa queima de fogos de artifício ecoou por bairros como Sussuarana, Pau da Lima, São Marcos e Jardim Cajazeiras, em Salvador, marcando a expansão do Primeiro Comando da Capital (PCC) em territórios antes controlados pelo Comando Vermelho (CV). Vídeos obtidos pela reportagem mostram traficantes celebrando a mudança de domínio, com gritos como “Sussuarana agora é PCC!” e “Baixa da Paz é PCC, 1533!”. A exibição, segundo fontes policiais, sinaliza o rompimento da Tropa do A, grupo local, com o CV, e sua adesão ao PCC, conhecido na região como “PCC da Bahia”.
Uma fonte policial, que preferiu não se identificar, explicou que a Tropa do A, originária de São Caetano, formalizou sua integração ao PCC, utilizando os fogos tanto para comemorar quanto para afirmar a nova aliança. “Esse realinhamento pode ser interpretado como uma declaração de guerra por outras facções, o que eleva o risco de confrontos armados”, alertou. A reestruturação também foi registrada em cidades do Recôncavo Baiano, onde o PCC já atua, aumentando a preocupação das autoridades com possíveis escaladas de violência.
A ruptura entre a Tropa do A e o CV ficou evidente há uma semana, quando circulou um vídeo nas redes sociais mostrando traficantes da Tropa ridicularizando o CV após encontrarem um fuzil abandonado durante uma fuga na Ladeira da Independência, próximo ao Hospital Municipal. “Presentinho para A Tropa”, debochou um dos criminosos, mencionando também duas pistolas Glock deixadas para trás. O episódio reforça a tensão entre as facções.
A Tropa do A, liderada por Thiago Adílio dos Santos, conhecido como Coruja, ganhou notoriedade em 2019, quando ele foi apontado pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP) como o criminoso mais procurado de Salvador. Preso em Cabo Frio (RJ), na comunidade Jardim Caiçara, controlada pelo CV, Coruja vivia discretamente, distante do luxo que exibia anteriormente. O grupo, que adotou o símbolo do Mickey, já protagonizou episódios violentos, como uma rebelião na Penitenciária Lemos de Brito, em Mata Escura.
A queima de fogos, prática comum entre facções para marcar eventos como a chegada de drogas ou aniversários de líderes — como ocorreu com Anderson Souza de Jesus, o Cris e Buel, do CV —, desta vez simbolizou a ascensão do PCC em Salvador, desafiando a influência do Comando Vermelho e acirrando o clima na capital baiana.
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