Pacheco: equiparar aborto a homicídio é 'irracionalidade'

Declaração do presidente do Senado aconteceu um dia após repercussão sobre audiência pública na Casa; atriz contadora de histórias fez uma performance no plenário
Por: Brado Jornal 19.jun.2024 às 07h24
Pacheco: equiparar aborto a homicídio é 'irracionalidade'
Lula Marques/Agência Brasil

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, nesta terça-feira (18), que equiparar o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio é uma “irracionalidade”. A declaração foi feita durante sessão plenária.

A fala de Pacheco ocorreu após diversos senadores comentarem a audiência sobre o tema realizada no plenário da Casa na segunda-feira (17). Na ocasião, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) convidou uma contadora de histórias para interpretar um texto contrário à assistolia fetal como método de aborto legal.

“Quando se discute a possibilidade de equiparar o aborto em qualquer momento ao crime de homicídio, que é definido pela lei penal como matar alguém, isso de fato é, me perdoe, uma irracionalidade. Isso não tem o menor cabimento, a menor lógica, a menor razoabilidade”, afirmou o presidente do Senado.

Pacheco ainda defendeu a legislação atual, que prevê o aborto em casos de estupro, risco de vida da gestante ou por anencefalia.

“Evidente que uma menina estuprada, uma mãe estuprada, tem o direito de não conceber aquela criança, essa é a lógica penal respeitado os entendimentos religiosos que existem, mas essa é a lógica política e jurídica estabelecida no Brasil”, complementou o presidente do Senado.

Na última semana, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência para um projeto de lei que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio. Por isso, o texto poderá ser avaliado diretamente pelo plenário, sem a necessidade de passar por comissões temáticas.

Pacheco já havia se manifestado sobre o tema afirmando que, se o texto chegar ao Senado, ele será amplamente discutido, passando por comissões temáticas e com forte participação da bancada feminina. Nesta terça, ele reafirmou seu posicionamento.

“Desde logo já me antecipei por conta do tema que lhe versa, aborto, gravidez decorrente de estupro, que isso evidentemente jamais viria, na hipótese de aprovação da Câmara dos Deputados, diretamente para o plenário do Senado Federal. Esse compromisso eu reafirmo publicamente. Ao chegar no Senado os temas dessa natureza, ele será submetido às comissões próprias do Senado para que haja o debate”, disse nesta terça.

Pacheco também afirmou que a equiparação da pena de aborto ao crime de homicídio coloca em risco a legislação do direito penal.

“Imagina punir aborto com pena de 6 a 20 anos equiparado a homicídio. O que vamos fazer com outros crimes? O que vamos fazer com o próprio estupro? Então, de fato precisamos ter responsabilidade penal”, complementou Pacheco.

O presidente do Senado ainda lembrou que se posicionou contrário à legalização do aborto no Brasil, mas afirmou que o projeto de lei não trata sobre essa questão.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Cármen Lúcia compara ditadura a erva daninha e diz que estaria presa se golpe tivesse sido bem-sucedido
Ministra do STF defende julgamentos dos atos golpistas e alerta que democracia exige cuidado diário enquanto oposição pressiona por anistia no Congresso
Indicação de Jorge Messias ao STF corre sério risco de rejeição no Senado
Aliados de Davi Alcolumbre preveem até 50 votos contrários; sabatina marcada para 10 de dezembro pode nem acontecer por falta de mensagem presidencial
Renan Santos afirma que deseja "acabar com a raça" de Flávio Bolsonaro
Durante festival do MBL em SP, líder critica família Bolsonaro por supostamente favorecer Lula nas urnas de 2026
Flávio Bolsonaro pede desculpas a Michelle e anuncia novas regras para decisões no PL
O senador confirmou que já se reconciliou com Michelle: “Falei com ela, pedi desculpas, ela também me pediu. Hoje à tarde teremos uma reunião no PL para estabelecer uma rotina de decisões coletivas e evitar que isso se repita”.
Conflito na Direita Cearense: Michelle Bolsonaro Repudia Aliança com Ciro
Mal-estar na sigla bolsonarista: ex-primeira-dama questiona estratégia local e provoca reação imediata de deputado aliado
Lula sanciona isenção do IR até R$ 5 mil e anuncia tributação maior sobre super-ricos
Reforma histórica acaba com privilégios tributários de bilionários e devolve dinheiro ao bolso da maioria dos trabalhadores
Carregando..