STF volta a discutir nesta sexta ampliação de alcance do foro privilegiado

Já há maioria formada para determinar que o chamado foro por prerrogativa de função seja mantido no Supremo mesmo depois de a autoridade deixar o cargo
Por: Brado Jornal 20.set.2024 às 13h00
STF volta a discutir nesta sexta ampliação de alcance do foro privilegiado
José Cruz/Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) volta a discutir, a partir desta sexta-feira (20), a ampliação do alcance do foro privilegiado de autoridades na Corte.

Já há maioria formada para determinar que o chamado foro por prerrogativa de função seja mantido no Supremo mesmo depois de a autoridade deixar o cargo.

A posição mantém a regra estabelecida em 2018:

de que o foro só vale para crimes cometidos no exercício do cargo e em razão das funções a ele relacionadas.


A proposta de ampliação estabelece que o foro continua no STF mesmo após o afastamento do cargo, “ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados depois de cessado seu exercício”.

A discussão sobre o tema é feita no plenário virtual. Em abril, o julgamento foi paralisado por um pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro André Mendonça.

Uma nova sessão começa às 11h de sexta (20) e vai até 27 de setembro.

No formato virtual de julgamento não há debate entre os ministros, que apresentam seus votos em um sistema eletrônico.

A maioria já formada ainda em abril foi um dos fatores que levou o ministro André Mendonça a fixar a competência do STF para a investigação envolvendo as acusações de assédio contra o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida.

Pela regra atual, Almeida perdeu o foro no STF ao ser demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 6 de setembro. Quando alguém perde o foro no Supremo, o caso, em geral, vai para a primeira instância da Justiça.


Votos

Até o momento, seis ministros votaram para mudar o entendimento atual e ampliar os critérios para que um político seja julgado no STF.

O voto que formou a maioria foi do ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte.


Além de Barroso, votaram até agora:

  • Gilmar Mendes — que propôs a rediscussão do tema —,
  • Cristiano Zanin,
  • Flávio Dino,
  • Dias Toffoli,
  • e Alexandre de Moraes.


Ainda precisam votar os ministros:

  • André Mendonça,
  • Nunes Marques,
  • Luiz Fux,
  • Cármen Lúcia,
  • e Edson Fachin.


O STF tem competência para processar e julgar, nos crimes comuns, o presidente da República, o vice-presidente, deputados e senadores, ministros e o procurador-geral da República.

Já para integrantes dos tribunais superiores, do Tribunal de Contas da União (TCU), embaixadores, e comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, a competência é para crimes comuns e de responsabilidade.

A regra atual sobre foro no Supremo foi definida em 2018.

Para que o processo tramite no STF é preciso que o crime tenha sido cometido no exercício do cargo e em razão da função ocupada.

Se o agente público perder seu mandato, o processo vai para a primeira instância.

A única exceção é para quando o caso já estiver na fase final de tramitação; nessa situação, o processo permanece no STF.

Em 2022, a Corte decidiu que continua tendo competência em casos de “mandato cruzado” — ou seja, quando o congressista investigado ou processado por um suposto crime é eleito para outra Casa Legislativa durante a tramitação do inquérito ou da ação penal.

Em seu voto, Gilmar defendeu manter aspectos centrais da regra central fixada em 2018 para estabelecer o foro para julgamento de crimes praticados no exercício do cargo e em razão dele mesmo após o afastamento do cargo, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados depois de cessado seu exercício.

O ministro é a favor de que a saída do cargo somente altera a competência em casos de crimes praticados antes da investidura de a pessoa assumir a função ou, ainda, dos atos que não possuam relação com o seu exercício.

O decano também disse que o foro é uma prerrogativa do cargo, não um privilégio pessoal. Ressaltou ainda que, justamente por isso, ela deve permanecer mesmo com o fim do mandato.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Temer defende reavaliação de penas do 8 de Janeiro pelo STF como alternativa à anistia
Ex-presidente sugere que Suprema Corte revise condenações para evitar confronto entre Poderes e pacificar o país
Boulos aciona MP contra Prefeitura de SP por morte de ambulante senegalês em operação policial
Deputado pede apuração de responsabilidades da gestão Ricardo Nunes após assassinato de Ngagne Mbaye durante Operação Delegada
Lula deve passar feriados da Páscoa e Tiradentes em Brasília ao lado de Janja
Presidente planeja viagens ao Nordeste e reunião com líderes da Câmara após o feriadão
Deputadas trans têm identidade de gênero ignorada em emissão de visto dos EUA
Duda Salabert e Erika Hilton recebem documentos com marcação de gênero masculino; governo dos EUA é acusado de desrespeitar identidade reconhecida no Brasil
Rui Costa ironiza relação de caciques do União Brasil com o "Rei do Lixo" e nega perseguição política
Ministro da Casa Civil rebate críticas e diz que operação Overclean atinge aliados de ACM Neto, investigados por contratos bilionários com empresário acusado de desvio de R$ 1,4 bilhão
Capitão Alden ganha força para assumir comando do PL na Bahia
Há cerca de um mês, Alden se reuniu com Jair Bolsonaro para relatar o que classificou como “pífio desempenho” do PL nas urnas
Carregando..