Governadores reagem com críticas aos vetos de Lula na renegociação das dívidas estaduais

Estados apontam prejuízos ao federalismo e ameaçam buscar derrubada de vetos no Congresso
Por: Brado Jornal 16.jan.2025 às 08h02
Governadores reagem com críticas aos vetos de Lula na renegociação das dívidas estaduais
Marcelo Camargo/Agência Brasil

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de sancionar parcialmente o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), com 13 vetos, gerou fortes reações de governadores de estados que concentram a maior parte das dívidas públicas com a União.

O projeto, que visa renegociar mais de R$ 760 bilhões em débitos estaduais, foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado por Lula na última segunda-feira (13.jan). No entanto, os vetos foram criticados por líderes estaduais, especialmente de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Rio de Janeiro, que juntos representam 90% do montante devido.

Críticas ao governo federal

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), classificou os vetos como uma tentativa de transferir o ônus financeiro para os estados. “O governo federal quer que os estados paguem a conta de sua gastança”, escreveu Zema em publicação na rede social X.

Já Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, expressou “extrema preocupação e indignação” com a decisão presidencial. Em entrevista à CNN, Leite acusou Lula de descumprir compromissos assumidos durante a tramitação do projeto.

Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro, também manifestou insatisfação, declarando que o veto representou “um dia triste para o federalismo brasileiro”. Castro afirmou que trabalhará no Congresso para derrubar os vetos e acusou o governo federal de perder uma oportunidade histórica de fortalecer o pacto federativo.

Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, foi ainda mais incisivo, afirmando que os vetos são parte de uma “retaliação” contra o estado. Caiado destacou que, além do Propag, o governo Lula também bloqueou um empréstimo de R$ 700 milhões com o BID, previamente autorizado pela Secretaria do Tesouro Nacional.

Posição do governo federal e Congresso

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e autor da proposta, adotou tom conciliador. Ele afirmou que o momento exige gratidão ao presidente Lula pela sanção parcial, destacando que o programa prevê a redução de juros, alongamento das dívidas por 30 anos e a possibilidade de pagamento com ativos.

Os vetos do presidente ainda podem ser analisados pelo Congresso Nacional após o retorno das atividades legislativas, e os governadores já articulam uma ofensiva para revertê-los. A disputa expõe as tensões entre o governo federal e os estados, em um cenário de debate sobre o equilíbrio do pacto federativo e a distribuição de responsabilidades fiscais.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Presidente dos Correios admite possível necessidade de aporte do Tesouro em 2026
Os Correios fecharam acordo com Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander Brasil, recebendo R$ 10 bilhões em dezembro de 2025 e mais R$ 2 bilhões previstos para janeiro de 2026, com garantia do Tesouro
Laudo revela grave apneia do sono em Jair Bolsonaro durante período na prisão
Um exame médico submetido pela defesa de Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou que o ex-mandatário registrou 514 interrupções respiratórias em uma única noite enquanto estava sob custódia.
Presidente do Instituto Voto Legal permanece foragido após decretação de prisão
Ministro Alexandre de Moraes determina medidas preventivas contra dez condenados na trama golpista após fuga frustrada de Silvinei Vasques
TCM-BA rejeita suspensão de licitação milionária em Queimadas
A empresa Pena Forte Comércio e Serviços LTDA saiu como vencedora do certame, promovido na gestão do prefeito Ricardo Marcos Batista Lopes (PSD).
Operação Compliance Zero amplia investigação sobre Banco Master e evidencia ausência de posicionamento de lideranças do PL
O caso passou a ter repercussão política após a identificação de relações institucionais e pessoais entre investigados e agentes públicos ligados ao governo federal anterior, especialmente no âmbito do Partido Liberal (PL)
Pesquisa do Instituto Paraná revela maior desaprovação ao governo Lula
Na classificação qualitativa da gestão, 42,8% dos entrevistados a consideram ruim ou péssima (sendo 34,8% péssima e 8% ruim), 23,1% avaliam como regular e 32,7% veem positivamente (19,8% boa e 12,9% ótima).
Carregando..