Lula se prepara para ir à Itália após morte de Papa Francisco

Durante seu pontificado, Francisco teve três encontros com Lula.
Por: Brado Jornal 21.abr.2025 às 18h41
Lula se prepara para ir à Itália após morte de Papa Francisco
Ricardo Stuckert / Planalto - 14.jun.2024

A morte do papa Francisco, aos 88 anos, ocorrida nesta segunda-feira (21.abr.2025), levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a considerar uma viagem a Roma nos próximos dias. Embora a Secretaria de Comunicação Social (Secom) ainda não tenha oficializado a ida, fontes do governo confirmaram que Lula solicitou a preparação da viagem e que ajustes na agenda presidencial já estão em andamento.

O Vaticano ainda não informou com precisão a data e o local das cerimônias fúnebres, mas estima-se que o funeral ocorrerá entre sexta-feira (25.abr) e domingo (27.abr). Segundo o rito tradicional descrito no livro “Ordo Exsequiarum Romani Pontificis”, que orienta as celebrações litúrgicas e orações em funerais papais, os procedimentos devem durar nove dias. Em novembro de 2024, o próprio Francisco reformou e simplificou essas etapas.

Durante seu pontificado, Francisco teve três encontros com Lula. O primeiro, em fevereiro de 2020, aconteceu no Vaticano, poucos meses após o ex-presidente deixar a prisão. Na ocasião, o encontro teve forte repercussão e foi usado por Lula para se reposicionar no cenário internacional. Antes disso, em 2018, quando Lula ainda estava preso em Curitiba, um terço abençoado por Francisco foi enviado por um emissário, mas impedido de ser entregue pela Polícia Federal. Posteriormente, o presente foi encaminhado com um bilhete, e o Vaticano esclareceu que a ação não tinha caráter oficial.

Os outros dois encontros ocorreram em junho de 2023 e junho de 2024. No primeiro, Lula e a primeira-dama Janja visitaram o papa durante uma viagem à Itália. No segundo, eles se reuniram novamente durante a cúpula do G7 na região da Puglia, quando Francisco também participou do evento.

Em suas conversas, ambos sempre priorizaram assuntos como justiça social, combate à fome e alternativas pacíficas para os conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia.

Francisco também se manifestou publicamente sobre a prisão de Lula em 2018, afirmando em entrevista ao jornal espanhol ABC, em 2022, que o caso teve origem em um ambiente midiático desfavorável e sem garantias de um processo justo. Ele criticou o uso político do direito, conhecido como “lawfare”, prática que também relacionou às perseguições a líderes como Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).

Em 2023, Francisco reiterou sua visão sobre o caso ao canal argentino C5N, afirmando que Lula foi condenado sem provas concretas e elogiando a ex-presidente Dilma Rousseff, afirmando que, mesmo após o impeachment, ela mantinha as “mãos limpas” e era “uma mulher excelente”. Ele também descreveu o impeachment de Dilma como “um ato administrativo menor”.

Após uma dessas declarações, Lula afirmou que Francisco era a figura política mais importante da atualidade, destacando seu papel como líder mundial, independentemente da religião.

A morte e o legado de Francisco

O papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, foi o segundo pontífice mais idoso a liderar a Igreja Católica nos últimos 700 anos. Sua morte foi confirmada pelo Vaticano: “Às 7h35 desta manhã [2h35 em Brasília], o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai”.

Desde o início de 2025, Francisco enfrentava sérios problemas de saúde. Em fevereiro, foi internado no hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, com suspeita de bronquite, mas os exames indicaram pneumonia bilateral. No mês seguinte, ele passou por uma transfusão de sangue devido à baixa contagem de plaquetas associada à anemia. Mesmo após receber alta em março, sua saúde permaneceu debilitada.

Sua última aparição pública aconteceu no domingo (20.abr), durante a bênção de Páscoa, na Praça São Pedro. Na ocasião, o papa apareceu em cadeira de rodas, com dificuldades para falar, limitando-se a desejar “feliz Páscoa” antes de passar a leitura da mensagem “Urbi et Orbi” ao monsenhor Diego Giovanni Ravelli. No discurso, Francisco alertou contra a corrida armamentista e pediu que líderes políticos não cedam ao “medo”, apelando por um mundo mais pacífico.

Sucessão: início do conclave

Com a morte de Francisco, tem início o conclave — cerimônia na qual cardeais com menos de 80 anos se reúnem na Capela Sistina, no Vaticano, para eleger o próximo papa. O termo “conclave” deriva do latim “cum clave” (com chave), em referência ao sigilo do processo.

Até 120 cardeais podem participar, e o eleito precisa alcançar dois terços dos votos. A cada votação, uma fumaça indica o resultado: preta, caso ninguém seja escolhido; branca, quando há decisão. Após a aceitação do escolhido, ele adota um novo nome papal, e a fumaça branca sinaliza ao mundo a escolha do novo líder da Igreja Católica.



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