Neto tem articulado nos bastidores uma base robusta, capitalizando o desgaste do governo Lula e a insatisfação de líderes municipais com a gestão petista no estado.
Na última segunda-feira (19), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), convocou uma reunião de emergência com aliados políticos para discutir estratégias visando frear o crescimento de Neto. Segundo fontes do PT, os petistas estão preocupados com o desempenho ascendente do ex-prefeito, que tem ampliado sua base com a adesão de prefeitos e intensificado críticas ao governo Lula e à gestão estadual.
A reunião, realizada em sigilo no Palácio de Ondina, contou com líderes da base aliada, incluindo membros do PT, PSD e Avante. O objetivo foi reavaliar táticas políticas para fortalecer a imagem de Jerônimo e evitar a debandada de prefeitos, muitos dos quais, apesar de formalmente aliados, sinalizam apoio a Neto nos bastidores, temendo que a impopularidade de Lula prejudique suas bases eleitorais em 2026.
Os petistas reconhecem que o crescimento de Neto, aliado a um discurso mais agressivo contra Lula, pode ameaçar a reeleição de Jerônimo. A estratégia discutida inclui intensificar agendas no interior, liberar recursos para municípios e reforçar a associação da gestão estadual com conquistas sociais, enquanto se busca neutralizar o avanço da oposição liderada pelo União Brasil.
Medo de represálias e cálculo político
O receio de perderem recursos estaduais e acordos políticos ainda mantém esses prefeitos formalmente alinhados a Jerônimo. No entanto, a preocupação com o desempenho do governo Lula, cuja reprovação supera a aprovação segundo pesquisas recentes como Genial/Quaest, Datafolha e Paraná Pesquisas, tem pesado na decisão. A percepção é de que a impopularidade do presidente pode respingar nas candidaturas de deputados aliados desses prefeitos em 2026, comprometendo suas bases eleitorais. "Os prefeitos estão de malas prontas. Eles sabem que o PT está enfraquecido e não querem afundar junto", confidenciou um membro do governo Jerônimo sob condição de anonimato.
Discurso endurecido contra Lula
Pela primeira vez, segundo interlocutores, ACM Neto planeja endurecer o discurso contra o presidente Lula, abandonando a neutralidade que marcou sua campanha em 2022, quando evitou se alinhar explicitamente a Lula ou Bolsonaro. Essa estratégia, que buscava atrair eleitores de ambos os lados, foi criticada por adversários, que o chamaram de "candidato do tanto faz". Agora, com o PT enfraquecido e Lula enfrentando crise de popularidade, Neto vê uma oportunidade de consolidar a oposição. "Lula perdeu capital político, e há um caminho aberto para enfrentá-lo em 2026", afirmou Neto em entrevista recente, sinalizando que a eleição será "tudo ou nada".
A estratégia inclui intensificar críticas à gestão de Jerônimo, especialmente na área de segurança pública, onde Neto tem acusado o governo de inépcia no combate a facções criminosas.
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