A decisão do governo de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) revelou, segundo analistas, a falta de preparo da gestão Lula na condução da economia brasileira. Especialistas consultados pela CNN apontam que a medida, anunciada em 22 de maio, reflete improvisos na política fiscal e expõe o desgaste político do Executivo com o Congresso.
Sérgio Machado, sócio-gestor da MAG Investimentos, critica a alta do IOF, que incide sobre operações de câmbio, previdência privada e crédito corporativo, como uma tentativa ineficaz de aumentar a arrecadação. “É um veneno. Esse imposto sufoca a indústria e não gera receita significativa. Ninguém vai pagar 5% para investir em previdência”, afirma.
Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, vai além e classifica a medida como amadora. “Aumentar o IOF é improviso puro. Mostra desconhecimento da economia brasileira. Dizer que falta dinheiro após expandir gastos em R$ 220 bilhões é insultar a inteligência do povo. É como uma criança que gastou toda a mesada e pede mais”, dispara.
A equipe econômica espera arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026 com o aumento do IOF. No mesmo dia do anúncio, o governo revelou um congelamento de R$ 31,3 bilhões em gastos, o maior da gestão atual. Mesmo assim, projeções indicam que o déficit primário pode chegar a 0,25% do PIB em 2025, cerca de R$ 31 bilhões, dentro do limite de tolerância.
Para Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central e colunista do CNN Money, o manejo das contas públicas repete erros antigos. “O governo segue uma lógica de gastos obrigatórios crescendo mais que a receita. É a política fiscal petista: remendos para cumprir regras temporariamente”, avalia.
Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica no primeiro governo Lula, alerta para o risco de uma crise severa, semelhante à de 2015, caso o ajuste fiscal não seja priorizado. “Sem coordenação, o Brasil caminha para um colapso econômico grave”, prevê.
Tensão com o Congresso
Além das críticas econômicas, o governo enfrenta desgaste político. Lucas Aragão, CEO da Arko Advice, observa que o Executivo não reconhece o protagonismo do Congresso nas políticas públicas. “O governo parece não entender que o Legislativo é quem dita o ritmo hoje, goste ou não”, afirma.
Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro e head de macroeconomia do ASA, vê a escolha pelo IOF como um sinal de fraqueza política. “Optar por um decreto como o IOF mostra que o governo acredita não ter força para aprovar medidas no Congresso. A solução ideal seria uma receita permanente, mas isso exige articulação”, explica.
A combinação de improvisos econômicos e fragilidade política coloca o governo Lula sob pressão, enquanto analistas cobram uma estratégia mais robusta para equilibrar as contas e evitar uma crise iminente.
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...