O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, instaurou, nesta quarta-feira (4), um inquérito na Polícia Federal (PF) para investigar se a deputada Carla Zambelli (PL-SP) tentou obstruir a Justiça ao deixar o Brasil rumo aos Estados Unidos. A decisão, disponível na íntegra (PDF – 170 kB), foi motivada pela suspeita de que a viagem da congressista visa dificultar as investigações contra ela por invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica.
Condenada em 14 de maio pela 1ª Turma do STF a 10 anos de prisão pelos crimes citados, Zambelli anunciou que deixou o país, o que levou Moraes a decretar sua prisão preventiva no mesmo dia. O ministro destacou que as declarações da deputada em entrevistas, no dia 3 de junho de 2025, sugerem uma tentativa de “impedir a aplicação da lei penal” e de continuar práticas criminosas, como ataques às instituições democráticas e interferência em processos judiciais em andamento no STF.
Suspeita de condutas semelhantes a Eduardo Bolsonaro
Moraes comparou a postura de Zambelli à do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também investigado por supostas tentativas de intimidação contra ministros do STF e atualmente nos EUA. Segundo o ministro, a deputada indicou, em entrevista, a possibilidade de permanecer nos Estados Unidos e até pedir asilo político ao governo de Donald Trump, abandonando um suposto plano inicial de se mudar para a Itália. “Isso reforça a intenção de adotar o mesmo modus operandi de Eduardo Bolsonaro na prática de condutas ilícitas”, afirmou Moraes.
Medidas determinadas pelo STF
Além de abrir o inquérito, o ministro estabeleceu ações específicas para a investigação:
A PF deve monitorar publicações nas redes sociais de Zambelli ou de terceiros relacionadas a ela;
A deputada terá 10 dias para prestar depoimento, podendo responder por escrito devido à sua ausência do país;
O Banco Central deverá fornecer informações sobre valores e remetentes de Pix recebidos por Zambelli nos últimos 30 dias.
A investigação busca esclarecer se a saída de Zambelli do Brasil configura obstrução de Justiça, crime que, segundo Moraes, pode estar associado a uma estratégia de desacreditar instituições democráticas brasileiras por meio de desinformação. A decisão reforça o esforço do STF em coibir ações que ameacem o andamento de processos judiciais e a estabilidade das instituições.
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