Em um momento marcante durante interrogatório na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes fez um comentário irônico sobre a prisão do ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na eleição de 2022, general Walter Braga Netto. O depoimento, realizado por videoconferência na terça-feira (10.jun.2025), ocorreu enquanto Braga Netto cumpre prisão preventiva no Rio de Janeiro desde dezembro de 2024.
Troca de falas no STF
Durante o interrogatório, Moraes perguntou ao general, de forma protocolar, se ele já havia sido preso anteriormente. “Eu estou preso, presidente”, respondeu Braga Netto, em tom de ironia. O ministro retrucou: “Fora essa vez”. Após o general indicar que não, Moraes completou com sarcasmo: “Eu sei que o senhor está preso, eu que decretei”. A interação reflete a tensão do caso, que envolve figuras centrais do governo Jair Bolsonaro.
Investigação da tentativa de golpe
Segundo a Polícia Federal (PF), Braga Netto teria buscado informações sobre a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e também réu no caso, o que motivou o pedido de sua prisão. A ação penal apura a atuação de um grupo acusado de liderar uma organização criminosa com o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Fazem parte desse núcleo, além de Braga Netto, nomes como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro do GSI Augusto Heleno, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Mauro Cid.
Etapa de interrogatórios
Os interrogatórios, iniciados na segunda-feira (9.jun) pela 1ª Turma do STF, começaram com Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração com a Corte. Os demais réus estão sendo ouvidos em ordem alfabética, garantindo o direito de defesa com base nas declarações do delator. Todos são obrigados a comparecer, mas podem optar pelo silêncio. Além de Moraes, que é o relator do caso, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os advogados de defesa e outros ministros da 1ª Turma podem realizar perguntas.
Processo em curso
Braga Netto, único réu do grupo em prisão preventiva, participa por videoconferência, enquanto os outros comparecem presencialmente. A fase atual, de instrução criminal, envolve a produção de provas, incluindo depoimentos de testemunhas e análises de documentos e perícias. Após essa etapa, as partes apresentarão alegações finais, e Moraes elaborará o relatório para o julgamento.
O caso segue como um dos mais relevantes no STF, com desdobramentos que podem impactar o cenário político brasileiro, especialmente por envolver figuras de destaque do governo anterior.
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