A Polícia Federal (PF) descobriu, durante investigações sobre a chamada “Abin paralela”, um áudio sigiloso de uma reunião realizada em 25 de agosto de 2020, no Palácio do Planalto, entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), e advogadas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A gravação, encontrada em um computador de Ramagem em janeiro de 2024, expõe discussões sobre supostas irregularidades de auditores da Receita Federal, responsáveis por um relatório de inteligência fiscal que motivou o inquérito das “rachadinhas” contra Flávio, anulado em 2021 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por falhas processuais. Ramagem foi indiciado pela PF na terça-feira (17) por suspeita de operar um esquema clandestino de espionagem na Abin.
Segundo a PF, a reunião abordou estratégias para desacreditar os auditores, com Ramagem sugerindo que “seria necessário a instauração de procedimento administrativo” contra eles, “visando anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”. O relatório da PF, enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), indica que a “Abin paralela” buscava “podres e relações políticas” dos auditores para enfraquecer a investigação contra Flávio. A Revista Época já havia revelado em 2020 que a Abin produziu relatórios para orientar a defesa do senador no caso.
O inquérito aponta que o sistema FirstMile, ferramenta de rastreamento, foi usado para monitorar alvos selecionados, incluindo adversários políticos, durante o governo Bolsonaro. A Abin afirmou estar “à disposição das autoridades” e destacou que os fatos ocorreram em gestões anteriores. Bolsonaro e Ramagem negaram envolvimento em estruturas paralelas ou espionagem ilegal. Ramagem, em redes sociais, declarou que o áudio prova a ausência de “interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro”, sendo a questão resolvida “exclusivamente em instância judicial”. Ele acrescentou: “O tal do sistema First Mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado. A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria.”
Flávio Bolsonaro, em postagem de 2024, negou relação com a “Abin paralela” e se disse vítima de “criminosos que acessaram ilegalmente” seus dados na Receita Federal.
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