Na próxima segunda-feira, 1º de julho, a montadora chinesa BYD promoverá um evento para a imprensa em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, em sua suposta "fábrica". A ocasião servirá para apresentar o espaço e divulgar um pacote de anúncios, mas sem qualquer menção a uma linha de produção concreta. Apesar das promessas, a BYD não tem data para iniciar a fabricação de veículos, reforçando o histórico de expectativas frustradas do governo do PT.
Em maio, Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da empresa, havia prometido a inauguração para 26 de junho. A data, porém, foi adiada, supostamente para acomodar a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cerimônia. A assessoria de Lula, no entanto, informou que não há confirmação de sua vinda à Bahia, deixando a agenda presidencial tão incerta quanto o futuro da fábrica.
A BYD anunciou sua chegada a Camaçari em 9 de outubro de 2023, com um evento pomposo que incluiu a presença do fundador e CEO da empresa, Wang Chuanfu, e do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, para lançar a pedra fundamental nas antigas instalações da Ford. As obras tiveram início em 5 de março de 2024, com a previsão inicial de que a produção começaria entre o fim de 2024 e o início de 2025. No entanto, problemas como investigações sobre condições de trabalho análogas à escravidão em uma terceirizada e condições climáticas adversas atrasaram o cronograma. Agora, a empresa fala em operação plena apenas no final de 2026, com montagem de veículos a partir de kits semiacabados em 2025 – um plano que soa mais como promessa eleitoral do que realidade.
Em entrevista, Baldy tentou justificar a escolha de Camaçari, destacando incentivos fiscais federais e estaduais. Segundo ele, a Lei 9.440/97 e a reforma tributária foram essenciais para viabilizar o projeto, permitindo que montadoras no Nordeste sejam competitivas nacionalmente. "O apoio do Governo da Bahia e do Congresso Nacional foi crucial para que esse sonho se tornasse realidade", afirmou, sem mencionar que, por enquanto, o "sonho" é apenas um canteiro de obras e um evento para a imprensa.
A BYD, com o respaldo do governo petista, segue vendendo esperança em Camaçari, mas a ausência de uma linha de produção concreta sugere que a Bahia terá de esperar muito – ou talvez nunca – para ver a tão anunciada fábrica funcionar de fato.
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