O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou na quinta-feira (10.jul.2025) que o Brasil considera adotar medidas não-tarifárias em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados. Em breve declaração a jornalistas, Haddad destacou que o governo analisa “muitas medidas não-tarifárias que podem ser pensadas” para retaliar sem causar pressões inflacionárias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação de um comitê de emergência, formado por empresários e membros do governo, para definir a estratégia brasileira frente à ofensiva americana.
Haddad explicou que o comitê terá a tarefa de avaliar as opções mais adequadas para contrapor a medida de Trump, que, segundo ele, tem motivação política e visa interferir em questões internas do Brasil, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. “Há um rol enorme de medidas que estão sendo estudadas e que não têm impacto na inflação”, afirmou o ministro. Ele enfatizou a cautela para evitar que eventuais sobretaxas sobre produtos americanos elevem custos de insumos e matérias-primas, que poderiam ser repassados aos consumidores brasileiros.
Fontes do governo indicaram que, entre as alternativas em estudo, estão a quebra de patentes de medicamentos produzidos por laboratórios americanos e ações voltadas à propriedade intelectual no setor cultural, considerando o grande consumo de produtos como filmes, músicas e livros dos EUA no Brasil. No entanto, Haddad esclareceu que essas medidas não são definitivas, pois o governo prioriza uma solução negociada com Washington. “Se houver boa vontade, nós vamos superar esse mal-entendido”, disse. “Nós temos que buscar o entendimento e imaginar que alguém com juízo vai aparecer e fazer o que é certo.”
No primeiro semestre, as importações brasileiras dos Estados Unidos alcançaram US$ 21,7 bilhões, um aumento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior. Máquinas e motores não-elétricos lideram a lista (16%), seguidos por óleos combustíveis (10%), aeronaves (5,2%), petróleo (5,1%) e produtos manufaturados (4,5%).
Mais cedo, Haddad classificou a sobretaxa americana como desprovida de justificativa econômica, sendo “um tiro no pé” para os próprios EUA, já que reflete interesses políticos de Trump e Bolsonaro. O presidente americano, em carta enviada a Lula, mencionou o julgamento de Bolsonaro como um dos motivos para a tarifa. Em resposta, Lula estuda acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a medida, que considera desprovida de fundamento econômico e movida por intenções políticas. Em carta à Casa Branca, o presidente brasileiro declarou que o Brasil é um país soberano “que não aceitará ser tutelado por ninguém”.
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...