O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), licenciado e atualmente residindo nos Estados Unidos, enfrenta a possibilidade de perder seu mandato na Câmara dos Deputados devido a faltas que podem ultrapassar um terço das sessões anuais a partir do próximo domingo (20.jul.2025). Em entrevistas concedidas do exterior, ele expressou receio de ser preso no Brasil por articular sanções contra o Supremo Tribunal Federal (STF), declarando que não retornará ao país, mas também não renunciará ao cargo. “Nenhuma dificuldade. Será que alguém acredita que Eduardo Bolsonaro ou Tarcísio apoiariam o Lula? Lógico que não”, afirmou o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), defendendo a união de Eduardo com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Aliados do PL exploram alternativas para manter o mandato de Eduardo. Uma proposta, do deputado Evair de Mello (PP-ES), sugere alterar o regimento da Câmara para permitir que deputados exerçam o mandato remotamente, mesmo estando fora do país. Outra, de Sóstenes Cavalcante, propõe prorrogar a licença de Eduardo por mais 120 dias, ganhando tempo para articulações. Há também a possibilidade de apresentar um atestado médico para justificar as ausências e evitar a contagem de faltas. No entanto, líderes do Centrão consideram improvável a aprovação de mudanças regimentais, com o líder do PDT, Mário Heringer (MG), classificando a ideia como “casuísmo extremo referendando a tese esdrúxula de exilado político”.
A resistência do Centrão é agravada pelas recentes críticas de Eduardo a Tarcísio de Freitas, a quem chamou de “servil” por negociar com empresários uma solução para a crise gerada pela tarifa de 50% imposta pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros. O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, afirmou a aliados que Eduardo “está totalmente errado” e que Jair Bolsonaro deveria apoiar Tarcísio na mediação da crise. Dirigentes do PL e do União Brasil reconhecem tensões na direita, mas minimizam o conflito, atribuindo-o a diferenças naturais entre atores políticos com ambições presidenciais. Um dirigente destacou que “caneladas” como essas são comuns na política.
Na quinta-feira (17.jul.2025), Eduardo recuou, publicando nas redes sociais que “teve uma longa conversa com o governador” e que ambos “atuam na melhor das intenções do interesse dos brasileiros”. A decisão sobre a cassação do mandato cabe à Mesa Diretora da Câmara, presidida por Hugo Motta (Republicanos-PB). O precedente do ex-deputado Chiquinho Brazão, cassado em abril de 2025 após atingir o limite de faltas no final de 2024, indica que a medida não é automática. Caso perca o mandato por faltas, Eduardo não ficará inelegível, podendo concorrer à Presidência ou ao Senado em 2026, como vem considerando.
A situação de Eduardo reflete uma crise mais ampla na direita brasileira, agravada por sua defesa de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O embate com Tarcísio, aliado de Jair Bolsonaro, mas focado nos interesses de São Paulo, expõe divisões estratégicas no campo conservador. A volta do recesso parlamentar, em agosto, deve esclarecer o futuro das propostas para salvar o mandato de Eduardo.
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