O governo brasileiro enfrenta dificuldades para contornar a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos nacionais, com menos de nove dias até o início da medida. Enquanto isso, outras nações, como Japão e União Europeia, avançam em acordos comerciais que reduzem suas tarifas, deixando o Brasil em desvantagem.
Para driblar o impasse, a estratégia do governo Lula tem sido investir em conversas informais e na aproximação com o setor privado, mas sem resultados concretos da Casa Branca. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou: “Estamos fazendo tentativas de contato reiteradas, mas há uma concentração de informações na Casa Branca. Alckmin está tendo contato com secretários. No nosso caso da Fazenda, temos contato com a equipe técnica do Tesouro americano, mas não com o secretário.”
Na quarta-feira (23), o chanceler Mauro Vieira orientou um grupo de oito senadores que viajarão aos EUA na próxima semana. Embora não possam negociar diretamente as tarifas, os parlamentares buscam abrir canais de diálogo, afinando um discurso que destaca os prejuízos à economia americana e o risco de aproximação do Brasil com a China caso as exportações sejam restringidas. Eles tentarão agendas com congressistas ligados a Trump e a estados impactados, como a Flórida, além de reuniões com empresários americanos afetados, embora nenhum encontro esteja confirmado.
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), já dialogou com cerca de 100 representantes do setor privado sobre o tarifaço. O governo considera alternativas como recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou à Lei da Reciprocidade, mas esta última preocupa empresários devido ao risco de aumento da inflação. Na quarta (23), o Brasil criticou na OMC o uso de tarifas para interferir em assuntos internos de outros países, mas evita confrontos diretos com os EUA para não agravar a situação.
Enquanto o Brasil patina, outros países avançam. O Japão fechou um acordo com os EUA que reduz as tarifas de 25% para 15% sobre produtos como automóveis, além de incluir investimentos de 550 bilhões de dólares. A União Europeia caminha para um acordo que prevê tarifas de 15% a partir de 1º de agosto, evitando uma taxa de 30%. Até a China pode ganhar um alívio, com possível adiamento de 90 dias nas altas de taxas, segundo o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.
Um adiamento na aplicação do tarifaço já seria um alívio para o Brasil, que segue buscando saídas sem resultados concretos até o momento.
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