Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou em uma sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado, realizada em 2 de setembro de 2025, que o ministro Alexandre de Moraes cometeu uma “fraude processual gravíssima” durante a investigação de oito empresários apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Segundo Tagliaferro, Moraes teria vazado mensagens privadas de um grupo de WhatsApp dos empresários para um veículo de imprensa. Essas mensagens, publicadas em 17 de agosto de 2022, incluíam falas como a de um empresário que dizia preferir “um golpe do que a volta do PT” e outro que reagiu com uma figurinha de “joinha”. Um terceiro chegou a afirmar que “o golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo [Bolsonaro], [em] 2019; teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.
A investigação, inicialmente sob sigilo, visava apurar se os empresários formavam um “núcleo financeiro” de apoio a atos antidemocráticos. Tagliaferro afirmou que Moraes usou a reportagem como base para determinar buscas e apreensões contra os investigados, ordenadas em 19 de agosto e executadas em 23 de agosto de 2022. Diante de críticas na imprensa sobre a fragilidade da fundamentação, Moraes retirou o sigilo do caso em 29 de agosto. Nos documentos tornados públicos, havia justificativas adicionais além da reportagem, o que Tagliaferro classificou como uma tentativa de encobrir a suposta irregularidade.
O ex-assessor revelou que os documentos complementares foram produzidos por ele entre 26 e 28 de agosto, após as buscas, sob orientação do juiz auxiliar Airton Vieira, próximo a Moraes. “Foi pedido por Airton Vieira para que se construísse uma história”, disse Tagliaferro, que apresentou arquivos comprovando as datas de criação do material, incluindo organogramas dos empresários. Ele depôs por videoconferência no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento de Bolsonaro, acusado de tentar um golpe de Estado após a derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
Moraes, que foi presidente do TSE entre agosto de 2022 e maio de 2024 e é relator do caso no STF, negou irregularidades. Em nota, seu gabinete afirmou que todas as ações foram “oficiais, regulares e devidamente documentadas” com a participação da Procuradoria-Geral da República (PGR). A defesa dos empresários negou qualquer intenção golpista nas mensagens privadas.
Tagliaferro também acusou o atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, de atuar fora do rito processual em 2022, quando era vice-procurador eleitoral, apresentando prints de conversas que, segundo ele, comprovam a participação de Gonet em procedimentos irregulares.
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