A confirmação de que Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, priorizará a reeleição em 2026 tem impulsionado o posicionamento de Ratinho Jr. (PSD), chefe do Executivo paranaense, como uma das principais apostas da direita para a eleição presidencial do próximo ano. Essa dinâmica política, que ganhou contornos mais claros nas últimas semanas, é destacada pela jornalista Débora Bergamasco, apresentadora do CNN 360º, em reportagem recente da emissora.
De acordo com Bergamasco, o cenário se alterou de forma decisiva quando Tarcísio, durante visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília, reafirmou publicamente sua intenção de permanecer no cargo estadual. “Sou candidato à reeleição em São Paulo, como tenho dito. Isso aqui já está claro”, declarou o governador paulista, enfatizando laços de amizade e solidariedade com Bolsonaro em meio a desafios recentes enfrentados pelo ex-mandatário.
Essa posição, reiterada em entrevistas e bastidores políticos, abre espaço para Ratinho Jr. se consolidar nacionalmente. O governador do Paraná, que já vinha sendo testado por aliados como plano alternativo, beneficia-se do respaldo do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. O partido, que integra a base do governo Lula mas mantém flertes com a oposição, tem promovido encontros estratégicos para ampliar a visibilidade de Ratinho. Recentemente, Kassab reuniu empresários, médicos e líderes partidários em São Paulo para discutir o futuro do nome paranaense, em um clima de "descolamento gradual" de Tarcísio, conforme relatos de participantes.
Analistas políticos veem vantagens no perfil de Ratinho Jr. para o pleito de 2026. Sua idade mais jovem, alta taxa de aprovação no Paraná e agenda focada em pautas liberais econômicas podem representar um desafio maior ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do que o de Tarcísio, segundo avaliação do comentarista Caio Junqueira no programa What’s Working, da CNN. Junqueira destacou que o paranaense tem potencial para atrair eleitores no Nordeste, região onde outros nomes da direita, como Ronaldo Caiado (União Brasil) e Romeu Zema (Novo), enfrentam resistências históricas.
Pesquisas recentes reforçam essa tendência. Levantamento da Quaest, divulgado em setembro, simulou cenários de segundo turno e mostrou Lula à frente de Ratinho Jr. por 12 pontos percentuais margem menor do que a registrada contra Tarcísio (8 pontos) ou outros concorrentes como Michelle Bolsonaro (15 pontos) e Eduardo Leite (19 pontos). O instituto também indicou que 76% dos brasileiros defendem que Bolsonaro apoie outro candidato, o que poderia canalizar votos para opções como o governador paranaense.
Além disso, Ratinho Jr. tem intensificado ações para se projetar além do âmbito regional. Mesmo em viagem pela Europa, o governador divulgou vídeos e manteve agenda de reuniões com setores do empresariado e do mercado financeiro, sinalizando ambição pelo Palácio do Planalto. Aliados descartam que ele opte por uma vaga no Senado, priorizando a disputa nacional. Há discussões nos bastidores sobre eventuais trocas de partido, se necessário, para viabilizar alianças amplas na oposição fragmentada.
O Centrão, bloco que influencia decisões chave no Congresso, já testa o nome de Ratinho como alternativa viável. Kassab, em evento promovido pela ONG Comunitas, comentou: “Caso [Tarcísio] não seja candidato é uma decisão dele nós poderemos estar todos juntos no 1º turno, mas poderemos também estar todos juntos no 2º turno”. Essa flexibilidade partidária é vista como trunfo para Ratinho, que pode herdar apoios de quem antes mirava o paulista.
Enquanto Tarcísio reduz aparições em eventos nacionais e foca em São Paulo estado que representa o maior colégio eleitoral do país, Ratinho Jr. emerge como o "plano A" da direita moderada. A estratégia inclui pré-candidatura formalizada até abril de 2026, conforme apurado por Bergamasco, com assédio de legendas como PL e PP. No entanto, desafios persistem: o PSD ainda equilibra lealdades com o Planalto, e a fragmentação da oposição, agravada por nomes como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que ameaça concorrer independentemente, pode diluir forças.Essa movimentação reflete o xadrez eleitoral em curso, onde o recuo de um abre portas para outro, mantendo o foco na renovação da direita para enfrentar Lula em um cenário de economia instável e polarização acentuada.
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