Nesta segunda-feira (10.nov.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), sediada na Amazônia, com um discurso que alfinetou indiretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), e as grandes empresas de tecnologia, enquanto contrastou os custos globais de guerras com os investimentos necessários para combater a crise climática.
“O gasto de US$ 2,7 bilhões em conflitos no ano passado seria suficiente para resolver o problema climático com US$ 1,3 trilhão, se aplicado de forma inteligente”, afirmou o petista, ao imaginar líderes militares na conferência. Ele reforçou a necessidade de derrotar o negacionismo climático e alertou que, uma década após o Acordo de Paris, o planeta avança “no rumo correto, mas no ritmo inadequado”.
“Sem o tratado de Paris, estaríamos caminhando para um aquecimento desastroso de 4 °C ou 5 °C até 2100”, declarou Lula, em referência velada à saída dos Estados Unidos do acordo durante o governo Trump.
O presidente também condenou a propagação de desinformação pelas plataformas digitais, acusando negacionistas de “dominar algoritmos, espalhar ódio e minar a ciência, as universidades e as instituições democráticas”.
Lula começou elogiando a população do Pará e destacou o esforço logístico para realizar a COP30 na região amazônica, afirmando que a escolha da sede demonstra que “com vontade política, o impossível se torna viável”.
Brasil lança fundo de US$ 5,5 bilhões para florestas tropicais
Na Cúpula de Líderes, que antecedeu a abertura oficial, o Brasil anunciou o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre), com compromissos iniciais de US$ 5,5 bilhões. Lula lembrou a iniciativa durante seu discurso. O mecanismo une capitais públicos e privados em formato de investimento, sem caráter de doação, e destina ao menos 20% dos recursos nacionais diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais.
Os compromissos vieram de:
Noruega: US$ 3 bilhões;
Indonésia: US$ 1 bilhão;
França: US$ 500 milhões;
Brasil: US$ 1 bilhão.
Lula propõe conselho climático na ONU e ação em três frentes
O presidente reiterou a defesa do multilateralismo e voltou a sugerir a criação de um Conselho do Clima ligado à Assembleia Geral da ONU, para elevar o status político das decisões ambientais globais.
Ele apresentou um plano de ação estruturado em três eixos:
1º) Cobrança para que os países cumpram e implementem suas NDCS (Contribuições Nacionalmente Determinadas). Conforme o Poder360, apenas 109 nações entregaram metas antes da COP30;
2º) Roteiro para abandonar os combustíveis fósseis e reverter o desmatamento, incluindo o Conselho do Clima na ONU “para dar ao tema a relevância que merece” – proposta já levantada na Cúpula de Líderes;
3º) Colocação das pessoas no centro das políticas climáticas, com ênfase no papel de territórios indígenas e comunidades tradicionais.
Lula cobrou ainda que nações desenvolvidas honrem promessos de financiamento e transferência de tecnologia para países em desenvolvimento.
O que vem pela frente na COP30
A conferência prossegue até 21 de novembro, com projeção de 50 mil participantes. O evento celebra os 10 anos do Acordo de Paris e terá debates centrados em sete pilares: ambição climática, fim dos combustíveis fósseis, proteção ambiental, transição justa, adaptação, financiamento e igualdade de gênero.
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