O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, declarou nesta segunda-feira (29.dez.2025) que a estatal poderá requerer recursos do Tesouro Nacional no próximo ano para manter suas atividades operacionais. De acordo com ele, o plano inicial de reestruturação previa a captação de R$ 20 bilhões junto a instituições financeiras, mas apenas R$ 12 bilhões foram obtidos, deixando uma lacuna de R$ 8 bilhões.
Os Correios fecharam acordo com Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander Brasil, recebendo R$ 10 bilhões em dezembro de 2025 e mais R$ 2 bilhões previstos para janeiro de 2026, com garantia do Tesouro. Rondon informou que a empresa ainda analisa alternativas para captar o valor restante, incluindo novas linhas de crédito no mercado ou apoio público. “Qualquer operação de garantia envolve o Tesouro e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que dará suporte conforme a necessidade de recursos da companhia”, explicou, acrescentando que a decisão dependerá do fluxo de caixa da estatal.
O “Plano de Reestruturação para a Sustentabilidade e Soberania Logística dos Correios”, válido de 2025 a 2027, prevê economia anual de R$ 7,4 bilhões — sendo R$ 4,2 bilhões via redução de custos e R$ 3,2 bilhões com elevação de receitas. Medidas como o Programa de Demissão Voluntária (PDV) só começarão em 2027.
O plano divide-se em três etapas: a primeira, até março de 2026, foca na recuperação emergencial de liquidez com os R$ 12 bilhões captados e na regularização de dívidas atrasadas; a segunda, entre 2026 e 2027, promove modernização e reorganização, gerando os R$ 7,4 bilhões anuais de ganho; a terceira, a partir de 2027, contratará consultoria externa para avaliar modelos societários futuros.
Em 2026 e 2027, quatro programas principais serão implementados: redução de quadro funcional, com PDV para 15 mil empregados (18% do total), revisão de cargos remunerados e benefícios de saúde e previdência (economia de R$ 2,1 bilhões/ano); otimização da rede, incluindo fechamento de 1.000 das 5.000 agências sem prejuízo à universalização (R$ 2,1 bilhões/ano); parcerias privadas para serviços financeiros e seguros (receita extra de R$ 1,7 bilhão/ano); e venda de imóveis ociosos (R$ 1,5 bilhão).
Nos primeiros nove meses de 2025, os Correios acumularam prejuízo de R$ 6,1 bilhões — quase o triplo do registrado no mesmo período de 2024. Rondon atribuiu a crise à perda de viabilidade do modelo tradicional, agravada pela queda nas receitas de cartas desde 2015 e pelo crescimento das encomendas de e-commerce, que não compensou os custos da universalização em áreas remotas e deficitárias. Sem ajustes, a projeção é de déficit acumulado de R$ 23 bilhões até 2027, com perda anual de R$ 4 bilhões apenas pela obrigação de serviço universal.
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