A Marinha do Exército de Libertação Popular da China deu um passo decisivo para ampliar sua influência no oceano Pacífico ao incorporar oficialmente o Fujian, seu mais recente e sofisticado porta-aviões, à frota ativa. Com capacidade para deslocar 80 mil toneladas e equipado com catapulta eletromagnética, o navio representa um marco na modernização militar de Pequim, projetado para transportar aeronaves mais pesadas e de maior alcance, superando as limitações dos modelos anteriores. Especialistas destacam que essa adição reforça a posição da China como detentora da maior marinha em número de embarcações, embora os Estados Unidos mantenham superioridade em tecnologia e experiência operacional.
A cerimônia de ativação ocorreu em 5 de novembro de 2025, em uma base naval no porto de Sanya, na ilha de Hainan, no sul do país. O presidente Xi Jinping, também secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China e presidente da Comissão Militar Central, presidiu o evento, subiu a bordo para inspecionar o navio e hasteou a bandeira, conforme relatado pela agência estatal Xinhua e pela emissora CCTV. Essa presença de alto nível sublinha a prioridade estratégica dada à expansão naval sob a liderança de Xi, parte de um plano mais amplo para modernizar as forças armadas até 2035 e alcançar uma capacidade "de classe mundial" até meados do século. O Fujian, lançado em junho de 2022 nos estaleiros Jiangnan, perto de Xangai, passou por testes marítimos iniciais em maio de 2024 e completou uma série de avaliações, incluindo calibrações de sistemas e navegações no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China, confirmando sua estabilidade operacional.
Diferentemente dos dois porta-aviões anteriores da China o Liaoning, de origem soviética, e o Shandong, baseado em design russo —, ambos dependentes de rampas de lançamento tipo "ski jump" que restringem o peso e o combustível das aeronaves, o Fujian adota o sistema EMALS (Electromagnetic Aircraft Launch System). Essa tecnologia, compartilhada apenas com o USS Gerald R. Ford da Marinha americana (certificado para operações em 2022), permite decolagens de caças mais carregados, como o J-15T, o stealth J-35 e o avião de alerta antecipado KJ-600, além de helicópteros Z-20 e drones. Durante os testes, a Marinha chinesa demonstrou lançamentos bem-sucedidos desses modelos, alcançando "capacidade de operação de convés completo", segundo a mídia estatal. O convés plano, sem rampa, otimiza o espaço para até 50 aeronaves, expandindo o alcance de projeção de poder para além da Primeira Cadeia de Ilhas, incluindo áreas como Guam e o Mar das Filipinas.
Apesar dos elogios da mídia chinesa e do especialista militar Zhang Junshe, que o descreveu como evidência da ascensão de Pequim como potência em porta-aviões, analistas estrangeiros apontam limitações iniciais. Dois ex-oficiais americanos de porta-aviões, consultados pela CNN em outubro de 2025, estimam que as operações aéreas do Fujian operem a cerca de 60% da eficiência de um navio da classe Nimitz com 50 anos de uso. O layout do convés, com uma área de pouso angulada em apenas 6 graus (contra 9 graus nos Nimitz), e catapultas posicionadas próximas à seção frontal central, pode causar interferências: aeronaves aterrissando, como o J-15 ou J-35, sobrevoariam as catapultas, pausando lançamentos e reduzindo a taxa de decolagens.
Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA que serviu em dois porta-aviões, observou que a pista de pouso se estende perto da proa, limitando o movimento de aviões entre elevadores e hangar, enquanto o tenente-comandante aposentado Keith Stewart notou que as catapultas mais longas aumentam riscos de colisão, exigindo ritmos mais lentos para mitigar perigos.
O Fujian, de propulsão convencional a combustível, contrasta com os 11 porta-aviões nucleares dos EUA, que oferecem autonomia ilimitada no mar, dependendo apenas de suprimentos para a tripulação de cerca de 2.500 pessoas. Navios chineses como o Fujian requerem reabastecimento em portos ou por navios-tanque, limitando missões prolongadas. Ainda assim, o comissionamento eleva a China ao segundo lugar global em número de porta-aviões, atrás apenas dos EUA, e sinaliza ambições maiores: testes recentes incluíram operações duplas com o Shandong, preparando formações complexas para presença sustentada no Pacífico ocidental. Analistas como David Hart, do Center for Strategic and International Studies, descrevem o Fujian como um "salto significativo" em capacidades, permitindo reconhecimento independente e suporte aéreo em regiões distantes, como a Segunda Cadeia de Ilhas, potencialmente facilitando cenários como um bloqueio a Taiwan, que Pequim reivindica como território próprio.
Sob Xi Jinping, a China acelera a construção naval, lançando navios de alta tecnologia a uma velocidade que desafia Washington e aliados como Japão, Austrália e Filipinas. Estaleiros chineses produzem embarcações em ritmo superior, com a frota total superando a americana em quantidade, embora os EUA liderem em qualidade, com 10 Nimitz (97 mil toneladas, catapulta a vapor) e o Ford. O Fujian, o maior já operado pela China, aproxima-se do tamanho dos Nimitz, mas Pequim já avança no Type 004, um futuro porta-aviões nuclear com EMALS, previsto para a próxima década. Desdobramentos iniciais do Fujian devem ser cautelosos, servindo como plataforma de testes, com missões progressivas para leste do Japão e Guam, conforme observado por analistas de segurança regional. O Southern Theater Command, responsável pelo Mar do Sul da China, assumirá o controle, com o Shandong e um possível Type 075 (porta-helicópteros anfíbio) presentes na cerimônia.
O evento gerou reações em redes sociais, com postagens destacando o "início da era de três porta-aviões" para a Marinha chinesa, compartilhando imagens de Xi ao lado de pilotos e tripulantes. Mídia estatal enfatizou o orgulho nacional na modernização, enquanto observadores internacionais veem o Fujian como o adversário naval mais formidável dos EUA no Pacífico, estreitando lacunas em aviação marítima e sinalizando uma nova fase na competição sino-americana.
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