O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (20) a suspensão imediata da sobretaxa de 40% aplicada a diversos produtos agrícolas brasileiros, como café, carne bovina, cacau, manga, açaí e frutas em geral. A medida tem efeito retroativo a 13 de novembro.
A decisão marca um recuo significativo na guerra comercial iniciada em abril, quando as tarifas foram impostas como resposta ao julgamento e à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
A agência Reuters destacou que “o aumento dos preços dos alimentos é um dos principais fatores por trás da queda nos índices de aprovação de Trump”. A matéria lembrou que a aprovação do presidente americano alcançou “o nível mais baixo desde seu retorno ao poder, segundo uma pesquisa da Reuters/Ipsos”.
A ordem executiva de Trump não faz qualquer referência às sanções pessoais mantidas contra autoridades brasileiras. Continuam em vigor as punições da Lei Global Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Moraes, além da revogação de vistos americanos para outros ministros do STF e seus familiares.
O jornal espanhol El País escreveu que Trump iniciou “uma revisão de sua política comercial após perceber, embora não tenha admitido publicamente, que o custo de vida está impactando sua agenda política”. O periódico espanhol relacionou a mudança à vitória do socialista Zohran Mamdani na eleição para prefeito de Nova York, cuja campanha teve o custo de vida como tema central.
Segundo o El País, a Casa Branca estuda há semanas formas de conter a alta de preços, e a suspensão das tarifas agrícolas ocorre justamente na semana do Dia de Ação de Graças, quando as famílias americanas mais sentem o peso dos valores nos supermercados.
O argentino La Nación interpretou o gesto como uma tentativa da Casa Branca de reagir à derrota sofrida nas eleições locais do início de novembro. “Foi também um reconhecimento implícito de que a política tarifária estava pressionando os preços”, afirmou o jornal.
Já o português Público destacou o bom relacionamento pessoal entre os presidentes. A manchete do jornal foi: “Química entre Trump e Lula zera tarifaço sobre centenas de produtos brasileiros”. O texto lembrou que o Brasil não fez nenhuma concessão aos Estados Unidos e que o pano de fundo da decisão é a inflação de alimentos que atinge os consumidores americanos.
Produtos industrializados brasileiros, como máquinas, calçados e outros manufaturados, continuam sujeitos à tarifa de 40% para entrada nos Estados Unidos.
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