O cantor Hungria Hip Hop, de 34 anos, informou nesta quinta-feira (2 de outubro de 2025) que apresentou sinais de intoxicação após ingerir vodca possivelmente adulterada com metanol durante a madrugada, em uma residência de amigos localizada no bairro Vicente Pires, região administrativa de Brasília. De acordo com o boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star, onde ele está sob observação na UTI, os sintomas incluem dor de cabeça intensa, enjoos, vômitos, visão embaçada e acidose metabólica, embora o exame toxicológico ainda não confirme a presença do contaminante. A equipe do artista optou por adiar as apresentações agendadas para o fim de semana, seguindo recomendação dos profissionais de saúde.
A origem da bebida permanece desconhecida, mas investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) apontam que o produto foi adquirido em uma distribuidora local chamada Amsterdam, também em Vicente Pires. Autoridades sanitárias do DF interditaram o estabelecimento por irregularidades, como ausência de licença de operação e venda de itens clandestinos.
Além disso, a Vigilância Sanitária identificou que Hungria comprou outras garrafas em uma rede de supermercados 24 horas na capital, cujas prateleiras de destilados foram embargadas preventivamente. A PC-DF registra outro caso suspeito na mesma área, ligado à mesma fonte de compra, o que reforça a suspeita de lote contaminado.
“O artista permanece em acompanhamento e já está fora de risco iminente. Agradecemos a compreensão dos fãs, da imprensa e de todos os parceiros neste momento”, declarou a assessoria de imprensa do rapper em comunicado postado no Instagram.
O episódio ocorre em meio a uma onda de alertas nacionais sobre adulteração de álcool. Dados do Ministério da Saúde revelam 43 suspeitas de envenenamento por metanol entre agosto e setembro de 2025, com pico em São Paulo (39 notificações, sendo 10 confirmadas e 29 em análise) e Pernambuco (quatro casos, dois positivos). Antes dessa escalada, o país registrava cerca de 20 ocorrências anuais. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou orientações para evitar destilados incolores sem procedência garantida, especialmente gim, vodca e uísque, que são os mais afetados por fraudes criminosas. “Não é essencial”, disse ele sobre o consumo dessas bebidas, aconselhando ingestão apenas após refeições e hidratação adequada para minimizar danos.
Especialistas explicam que o metanol, ou álcool metílico (CH₃OH), é um composto industrial volátil e inflamável, usado em solventes, tintas, anticongelantes e biodiesel, mas letal quando misturado a etanol. Quantidades a partir de 4 ml a 10 ml podem causar cegueira irreversível, enquanto 30 ml de forma pura levam à morte, conforme o Conselho Federal de Química (CFQ). Os efeitos iniciais abrangem respiração acelerada, taquicardia, dor abdominal persistente e depressão neurológica, evoluindo para falência orgânica sem intervenção rápida. O diagnóstico depende de histórico clínico e testes sanguíneos ou de imagem, com tratamento baseado em medicamentos intravenosos como fomepizol, lavagem gástrica e hemodiálise para eliminar o tóxico.
Para mitigar riscos, o governo federal coordena ações com estados e municípios, enfatizando fiscalização rigorosa e análises laboratoriais regulares. Consumidores são incentivados a checar selos de origem, desconfiar de preços abaixo do mercado e priorizar produtos registrados, evitando o comércio informal que movimenta bilhões em itens falsificados.
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