Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo enfrentam ridicularização na internet por mentiras sobre Alexandre de Moraes, enquanto juristocracia cresce no Brasil

No entanto, as mentiras de Eduardo e Figueiredo, que insistem que Moraes está com “medo” de punições inexistentes, não encontram respaldo e apenas amplificam seu descrédito.
Por: Brado Jornal 06.mai.2025 às 06h27 - Atualizado: 06.mai.2025 às 06h29
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo enfrentam ridicularização na internet por mentiras sobre Alexandre de Moraes, enquanto juristocracia cresce no Brasil

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo estão no centro de uma nova onda de críticas e memes no X, após espalharem informações falsas sobre supostas sanções dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Enquanto tentam, sem sucesso, criar uma narrativa de pressão internacional, Moraes segue tomando decisões que, para muitos, reforçam uma juristocracia inconstitucional no Brasil, com ações que extrapolam os limites da lei e geram controvérsia. No entanto, as mentiras de Eduardo e Figueiredo, que insistem que Moraes está com “medo” de punições inexistentes, não encontram respaldo e apenas amplificam seu descrédito.

Mentiras desmascaradas

No início de maio, Eduardo Bolsonaro publicou no X que David Gamble, um representante do governo americano, viria ao Brasil para discutir sanções contra Moraes, sugerindo que o ministro enfrentaria consequências internacionais. Paulo Figueiredo ecoou a narrativa, questionando se Moraes “teme o escrutínio de autoridades estrangeiras”. A embaixada dos EUA, no entanto, desmentiu categoricamente a história, esclarecendo que a visita de Gamble tratava de cooperação contra crime organizado e terrorismo, sem qualquer relação com Moraes ou sanções ao Brasil.

A nota oficial da embaixada, amplamente compartilhada no X, desencadeou uma avalanche de críticas. 

Histórico de narrativas frustradas

Essa não é a primeira vez que Eduardo e Figueiredo tentam mobilizar apoio nos EUA contra Moraes. Desde 2024, ambos têm viajado a Washington, reunindo-se com parlamentares republicanos e lobistas para acusar o ministro de liderar uma “ditadura judicial” no Brasil. Em março de 2024, Eduardo apresentou uma petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), assinada por 76 parlamentares brasileiros, denunciando Moraes por “atos tirânicos”. A ação, porém, não gerou resultados. Em fevereiro de 2025, Figueiredo sugeriu que Moraes poderia ser incluído na lista de sanções dos EUA (SDN), ideia endossada por Elon Musk, mas que também não avançou. A Justiça americana negou uma liminar contra Moraes na Flórida, reforçando o fracasso dessas investidas.

As repetidas alegações de que Moraes está “com medo” de sanções – que nunca foram sequer cogitadas oficialmente – não têm qualquer impacto prático. Mesmo que tais medidas fossem consideradas, analistas apontam que elas não alterariam a dinâmica interna do Brasil, onde Moraes continua a atuar com amplo respaldo institucional. “Essas narrativas são puro teatro para a base bolsonarista. Sanções externas não mudam o jogo no STF”, avalia o cientista político João Mendes, da USP.

A juristocracia de Moraes: um imperador inconstitucional?

Enquanto Eduardo e Figueiredo se afundam em mentiras, as críticas a Alexandre de Moraes no Brasil crescem, mas por motivos bem diferentes. Para muitos juristas, advogados e setores da sociedade, Moraes age como um “imperador judicial”, tomando decisões que extrapolam os limites constitucionais e concentram poder de forma perigosa. Como relator de inquéritos como o das fake news e dos atos golpistas, ele determinou prisões, bloqueios de contas em redes sociais e até cancelamento de passaportes, muitas vezes sem transparência ou respeito ao devido processo legal.

Casos como a prisão de jornalistas, ativistas e cidadãos comuns, sem provas robustas ou com base em interpretações amplas de “ameaça à democracia”, alimentam a percepção de que Moraes comanda uma juristocracia – um governo de juízes que sobrepõe o Judiciário aos outros poderes. A detenção dos jornalistas Oswaldo Eustáquio em 2020 e a prisão preventiva de Allan dos Santos, que permanece nos EUA, são exemplos frequentemente citados como abusos. “Moraes age como se estivesse acima da Constituição, decidindo quem fala, quem anda livre e quem é silenciado. Isso é incompatível com a democracia”, critica o advogado constitucionalista André Marsiglia.

Mentiras não justificam abusos, nem abusos justificam mentiras

Embora as preocupações com as ações de Moraes sejam legítimas, as mentiras de Eduardo e Figueiredo não contribuem para o debate. Suas narrativas falsas, como a suposta vinda de Gamble para punir Moraes, apenas desviam o foco das discussões sérias sobre o equilíbrio de poderes no Brasil. 

A insistência em fabricar crises internacionais também expõe a dupla a um constrangimento crescente. No X, memes como o do perfil no X @VortexBrito, que acusou Eduardo de “deixar o rabo de fora” ao espalhar fake news, e postagens irônicas sobre Figueiredo “fugindo da realidade” viralizam, reforçando a percepção de que ambos apostam em bravatas para manter relevância. Enquanto isso, Moraes segue intocado, consolidando sua influência no STF e no TSE, sem sinais de que narrativas externas ou sanções fictícias abalem sua atuação.

Um debate necessário, mas sem espaço para lorotas

O caso expõe dois problemas distintos: de um lado, a preocupante concentração de poder nas mãos de Moraes, que, para muitos, age inconstitucionalmente, prende inocentes e alimenta uma juristocracia perigosa; de outro, a irresponsabilidade de figuras como Eduardo e Figueiredo, que, ao invés de oferecerem críticas fundamentadas, recorrem a mentiras que só enfraquecem sua causa. A embaixada americana reafirmou seu compromisso com a cooperação bilateral, deixando claro que não há espaço para as fabricações da dupla. No Brasil, o debate sobre o papel do STF e os limites do Judiciário segue urgente, mas precisa ser travado com fatos, não com lorotas.



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