O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) tem sido alvo de intensos ataques e pressões de grupos radicais bolsonaristas nas redes sociais. Segundo esses militantes, o parlamentar, que conta com 18 milhões de seguidores no Instagram — número três vezes superior ao de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e seis vezes maior que o de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) —, não estaria demonstrando apoio suficiente à família Bolsonaro em suas postagens.
Origem dos ataques e contexto político
As críticas começaram a ganhar força em fevereiro, após Nikolas apoiar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada por Eros Biondini (PL-MG), que reduz a idade mínima para candidatos à Presidência de 35 para 30 anos. A medida, que poderia beneficiar o jovem deputado em uma eventual candidatura em 2026, gerou desconforto entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a consultoria Palver, militantes acusam Nikolas de planejar concorrer contra Bolsonaro, o que intensificou os ataques virtuais.
Em maio, as cobranças se voltaram para a suposta falta de apoio de Nikolas a uma possível candidatura presidencial de Eduardo Bolsonaro ou ao seu autoexílio nos Estados Unidos. Um exemplo é uma mensagem no Telegram com uma foto de Nikolas ao lado de Eduardo, acompanhada da legenda: “Antigamente, Nikolas achava vantajoso se associar ao Eduardo. Agora, parece evitar qualquer proximidade, como se ele fosse um problema.” Outra postagem, em tom irônico, colocou Nikolas ao lado de figuras como Ricardo Salles e Deltan Dallagnol, chamados de “tropa do biscoito” — termo que sugere busca por atenção —, acusando-os de tentar se desvincular de Bolsonaro sem perder sua base de apoio.
Relação com os Bolsonaro e estratégia própria
Apesar dos ataques, aliados de Nikolas afirmam que sua relação com Jair Bolsonaro é cordial, embora distante de Eduardo e Carlos, com quem não mantém proximidade. O deputado mineiro tem adotado uma estratégia independente, focando em críticas ao governo Lula para manter seu engajamento nas redes, sem se associar diretamente à imagem de Bolsonaro. Até o momento, ele optou por não responder às provocações dos grupos ultrabolsonaristas.
Impactos e cenário político
No Partido Liberal (PL), o presidente Valdemar Costa Neto mantém uma postura neutra, aguardando a definição de Bolsonaro sobre os apoios para 2026. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, Nikolas é cotado para superar 2 milhões de votos na próxima eleição para deputado, com potencial de eleger até dez aliados. Não há sinais de crise entre o parlamentar e seu partido.
Por outro lado, a estratégia dos bolsonaristas radicais pode custar caro. Interlocutores alertam que os ataques a Nikolas, um aliado valioso, podem enfraquecer a base de apoio de Bolsonaro em Minas Gerais. Enquanto o deputado permanece em silêncio diante das críticas, pessoas próximas acreditam que essa postura de cautela não será mantida indefinidamente.
A reportagem buscou contato com Nikolas Ferreira e Eduardo Bolsonaro para comentar as postagens, mas não obteve resposta até o momento. O caso evidencia tensões dentro do campo bolsonarista, especialmente em um contexto de disputas por liderança e influência no cenário político nacional.
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