Representantes do agronegócio, que apoiaram Jair Bolsonaro (PL) durante e após seu mandato presidencial, defendem que o ex-presidente, atualmente inelegível até 2030, desista de manter sua candidatura para 2026 e endosse um novo nome da direita para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo eles, a definição precoce de um candidato é essencial para fortalecer a oposição.
O tema da sucessão presidencial foi destaque na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), realizada em Presidente Prudente (SP). Bolsonaro esteve presente no primeiro dia do evento, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado por pecuaristas e lideranças do setor como o nome mais promissor para liderar a direita, diante da inelegibilidade do ex-presidente.
Líderes do setor consultados pela Folha destacaram que a demora de Bolsonaro em abrir mão da disputa pode fragmentar a direita, dificultando a consolidação de um adversário competitivo contra Lula, que, segundo eles, mantém campanha constante. Eles citam o exemplo de 2018, quando Lula, barrado pela Lei da Ficha Limpa, foi substituído por Fernando Haddad. Apesar de oficializado apenas em setembro, Haddad já era conhecido como o indicado de Lula, o que o tornou competitivo contra Bolsonaro no segundo turno.
Atualmente, a direita enfrenta uma dispersão de nomes para 2026. Além de Bolsonaro, que é réu por suposta tentativa de golpe, cinco governadores são cotados: Tarcísio de Freitas (Republicanos, SP), Ronaldo Caiado (União Brasil, GO), Romeu Zema (Novo, MG), Ratinho Junior (PSD, PR) e Eduardo Leite (PSD, RS). Desses, apenas Tarcísio está no primeiro mandato e poderia concorrer à reeleição estadual, mas pecuaristas acreditam que ele aceitaria disputar o Planalto se indicado por Bolsonaro.
Entre os governadores, Tarcísio é visto como o único com reais chances de vitória, enquanto outros, como Caiado ou Zema, poderiam compor a chapa como vice. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também é mencionada para a vice-presidência. Durante a Feicorte, Bolsonaro elogiou Gilberto Kassab, presidente do PSD e secretário de Tarcísio, chamando-o de “presidente do maior partido, depois do PL”, com um aperto de mãos. Kassab, presente no evento, havia afirmado em maio, na Agrishow, que a pluralidade de candidatos da direita não é um problema, pois “no segundo turno todos se encontram”.
Bolsonaro, no entanto, insiste em sua candidatura: “Eleição sem Jair Bolsonaro é negação da democracia”. Tarcísio reforçou seu apoio: “Vocês estão aqui em consideração ao nosso presidente Bolsonaro, que é uma pessoa que entrou para a história do Brasil. Digo mais, a sua missão, presidente, não acabou, a sua missão não acabou. O senhor ainda vai contribuir muito para o Brasil, o senhor vai fazer a diferença.”
Luiz Antônio Nabhan Garcia, ex-secretário de Assuntos Fundiários de Bolsonaro, acredita que o ex-presidente pode reverter sua inelegibilidade e segue sendo o favorito dos pecuaristas. “Se Bolsonaro não apoiar, não emplaca. Todos querem apoio do Bolsonaro”, disse. O secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, reforçou: “Quem visitou a feira, viu na cerimônia uma direita unida e que tem um projeto bem definido para 2026, tendo como líder irrevogável Jair Messias Bolsonaro. Como organizador do evento de abertura e um dos responsáveis pelo convite ao presidente e ao governador, sei que qualquer outra hipótese não reflete a realidade.”
A Feicorte, que reuniu 16,5 mil pessoas, destacou em seu balanço que a presença de figuras como Tarcísio, Bolsonaro e Piai elevou o prestígio do evento no cenário do agronegócio.
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