A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada em 9 de julho de 2025, beneficia politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, de 83 anos. Em entrevista, o economista, que comandou o Ministério da Fazenda entre 1988 e 1990 no governo José Sarney, afirmou que a medida de Trump é um “presente” para Lula, pois fortalece sua popularidade. Ele cita exemplos de líderes em países como Austrália e Canadá, que ganharam eleições ao se oporem às políticas de Trump após o “Dia da Libertação” e o início de tarifas recíprocas.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também se pronunciou, inicialmente criticando Lula, mas depois buscando diálogo com a Embaixada dos EUA para reduzir a tarifa. Maílson observa que estados não têm competência para negociações diplomáticas, o que torna a iniciativa de Tarcísio ineficaz.
Sobre o protecionismo, Maílson reconhece que ele é válido em certos contextos, conforme regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas critica sua aplicação prolongada no Brasil, como na indústria automobilística. Contudo, ele considera a tarifa de Trump “inédita” e “absurda”, usada como arma para impor condições políticas. Ele também aponta erros na carta de Trump, que alega déficit comercial com o Brasil, quando, na verdade, os EUA têm superávit.
A tarifa também prejudica os consumidores americanos, encarecendo produtos como o suco de laranja, do qual o Brasil fornece 70% da demanda nos EUA. Maílson alerta que a taxação pode tornar essas exportações inviáveis, impactando o cotidiano americano, como o café da manhã, e gerando inflação.
Sobre a proposta de Lula, feita em 4 de julho na reunião do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) no Rio, de usar moedas locais no comércio dos Brics, Maílson considera a ideia equivocada. Ele argumenta que o dólar é insubstituível no curto prazo e que transações em moedas locais podem ser desfavoráveis ao Brasil, que precisa de moedas fortes como o dólar para suas exportações. Ele sugere maior cautela do governo brasileiro, já que acordos de moedas locais preveem ajustes periódicos em dólares, o que não elimina a dependência da moeda americana.
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