Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira (14.jul.2025), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Filipe Martins, ex-assessor presidencial, não estava no voo que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022. A declaração, prestada em Brasília, desmente um dos principais argumentos da Polícia Federal (PF) para justificar a prisão preventiva de Martins, que apontava a suposta viagem como indício de risco de fuga.
Durante a sessão, a defesa de Martins apresentou um documento intitulado “Orlando.v.10.docx”, uma lista provisória de passageiros para o voo a Orlando, que incluía o nome do ex-assessor. Cid, no entanto, esclareceu que o documento não era definitivo e que Martins não constava na lista final, confirmando que ele não embarcou no avião presidencial. Questionado sobre por que não informou isso anteriormente à PF, Cid respondeu: “Porque não me foi perguntado”.
A PF alegava que Martins, preso em 8 de fevereiro de 2025 na operação Tempus Veritatis, estaria foragido, apesar de ele estar no Paraná, em local conhecido, e até publicar em redes sociais. A defesa apresentou evidências, incluindo uma declaração da Latam, confirmando que Martins viajou de Brasília a Curitiba em 31 de dezembro de 2022, refutando a tese de que ele teria saído do país. Mesmo assim, Martins permaneceu detido por quase sete meses, até ser libertado em agosto de 2024 por decisão do ministro Alexandre de Moraes, que impôs medidas cautelares: uso de tornozeleira eletrônica, apresentação semanal à Justiça do Paraná, entrega de passaportes, proibição de usar redes sociais e de contatar outros investigados.
Moraes também vetou uma entrevista de Martins ao Poder360, justificando “a fim de evitar o risco de tumulto neste momento processual”. O pedido, protocolado em 12 de março de 2025, foi negado em 3 de julho, apesar de o jornal argumentar interesse público e compatibilidade com as medidas cautelares. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) criticou a decisão, pedindo reconsideração: “Para a Abraji, é inegável o interesse público dessa entrevista”.
O advogado de Martins, Jeffrey Chiquini, usou a rede X para comentar o depoimento de Cid, questionando a delação.
Ele escreveu, “Cid afirmou que:
• Filipe Martins não viajou.
• Que a minuta do golpe não existe nos autos.
• Que ele (Cid) não possui nenhuma prova contra Filipe Martins.
• Que ele (Cid) nunca teve acesso ao conteúdo da suposta minuta atribuída a Filipe Martins.
• Que Filipe Martins não tem relação com a ‘minuta’ encontrada na casa de Anderson Torres nem com a ‘minuta’ encontrada no celular do próprio Cid.
• Que, portanto, nenhuma das minutas é de autoria de Filipe Martins.
• Que a suposta ‘minuta’ não dava ordem a ninguém.
• Que a suposta ‘minuta’ nunca foi assinada.
• Que o Comandante do Exército Freire Gomes, o ex-Comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-Ministro da Defesa Paulo Sérgio e o ex-Presidente da República Jair Bolsonaro mentiram ao afirmar que Filipe Martins nunca participou de nenhuma reunião com os comandantes”.
Em resposta a um seguidor, Chiquini ironizou: “Só Cid fala a verdade. Todo mundo mente. As outras 5 pessoas que estavam na reunião disseram que Filipe não participou”.
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