Em pronunciamento na quinta-feira (17.jul.2025), transmitido em rede nacional de rádio e TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma “chantagem inaceitável”. Ele acusou políticos brasileiros que endossam a medida de serem “traidores da pátria” e defendeu a soberania nacional, o Pix e a necessidade de as empresas digitais seguirem a legislação brasileira.
Lula revelou que o Brasil realizou “mais de 10 reuniões” com representantes americanos e enviou, em 16 de maio, uma proposta confidencial de negociação, sem receber resposta. “O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo. Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos e encaminhamos em 16 de maio uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta e o que veio foi uma chantagem inaceitável em forma de ameaça às instituições brasileiras e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, afirmou. Segundo o Poder360, a diplomacia brasileira não considerava necessária uma resposta formal até a carta de Trump, em 9 de julho, que mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e anunciou as tarifas.
O presidente também criticou tentativas de interferência na Justiça brasileira, em alusão ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe. “Tentar interferir na Justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional […] Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo”, declarou.
Sobre o Pix, alvo de uma investigação comercial americana mencionada em relatório da USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) de março de 2025, Lula o defendeu como “patrimônio” nacional. “Não aceitaremos ataque ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo”, disse. O relatório da USTR aponta que as barreiras comerciais brasileiras, com tarifas médias de 11,2% em 2023 (8,1% para produtos agrícolas e 11,7% para não agrícolas), geram um impacto de US$ 8 bilhões anuais contra os EUA, incluindo setores como etanol, bebidas alcoólicas e produtos remanufaturados.
Lula reforçou que as big techs devem respeitar as leis brasileiras: “No Brasil, ninguém, ninguém está acima da lei”. Ele também sinalizou retaliação, caso necessário, por meio da Lei da Reciprocidade ou de recursos à Organização Mundial do Comércio, mas destacou que “não há vencedores em guerras tarifárias” e que o Brasil busca a paz. “Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia, desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional. Minhas amigas e meus amigos, não há vencedores em guerras tarifárias”, concluiu.
O Itamaraty, segundo fontes, viu as negociações com os EUA, que incluíram nove rodadas de conversas ministeriais e técnicas, interrompidas após a carta de Trump. A minuta de maio, agora citada pelo governo, é usada para pressionar os EUA a retomar o diálogo.
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