Bolsonaro persiste em candidatura e intensifica tensões com STF e Congresso

Estratégia de pressão com apoio de Trump falha e isola família Bolsonaro
Por: Brado Jornal 29.jul.2025 às 09h25
Bolsonaro persiste em candidatura e intensifica tensões com STF e Congresso
(@bolsonarosp/Instagram)
Diante da iminente possibilidade de condenação, Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, considera manter sua candidatura presidencial para 2026, mesmo ciente de que a Justiça Eleitoral deve barrá-la. Em conversas recentes, na quinta e sexta-feira, dias 24 e 25 de julho, Bolsonaro voltou a discutir a ideia de ter seu filho Flávio Bolsonaro como vice, replicando a tática usada por Lula da Silva em 2018 com Fernando Haddad. Embora a estratégia de Lula tenha falhado no curto prazo, com a derrota de Haddad, ela garantiu a manutenção de sua influência política, culminando em sua reeleição em 2022. Bolsonaro parece apostar em um efeito semelhante, ainda que os riscos sejam altos.

A família Bolsonaro intensificou sua ofensiva política. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho número 3, protagonizou uma série de ações em menos de uma semana: (1) pediu “humildemente” a Donald Trump a aplicação da lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, (2) defendeu sanções americanas, apesar dos impactos econômicos negativos, (3) tentou intimidar um delegado da Polícia Federal, (4) criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, (5) atacou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, (6) anunciou que bloqueará negociações com o governo dos EUA em uma comissão do Senado, que conta com dois ex-ministros de Bolsonaro, e (7) ameaçou os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, com a perda de vistos americanos caso não apoiem a anistia de Jair Bolsonaro e o impeachment de ministros do STF.

A estratégia, porém, não é consenso na família. Flávio Bolsonaro, senador e filho mais velho, tentou recuar em uma postagem no dia 18, sugerindo que Trump substituísse tarifas por sanções pessoais. A proposta foi rapidamente descartada por ordem de Jair Bolsonaro, evidenciando a unidade familiar na escalada verbal liderada por Eduardo.

A aposta de Eduardo nas sanções de Trump visava pressionar o STF e o Congresso a concederem anistia a Jair Bolsonaro, além de influenciar as eleições de 2026. Contudo, o plano saiu pela culatra. A ameaça de sanções fortaleceu o presidente Lula, que ganhou popularidade, enquanto candidatos com o sobrenome Bolsonaro perderam apoio. Uma pesquisa da Futura em São Paulo revelou que, em dois meses, a vantagem de Jair Bolsonaro sobre Lula em um eventual segundo turno caiu mais de sete pontos percentuais. Michele Bolsonaro perdeu oito pontos, e Eduardo está tecnicamente empatado com Lula, dentro da margem de erro. O estado de São Paulo, responsável por 22% do eleitorado brasileiro e quase um terço das exportações para os EUA, seria o mais afetado pelas sanções de Trump, o que gerou críticas de empresários e afastou o Centrão da pauta da anistia.

Embora Jair Bolsonaro continue sendo a principal figura do antipetismo, sua influência diminui. Tarcísio de Freitas, favorito do establishment, só aceita concorrer com o apoio do ex-presidente, mas o Centrão considera improvável apoiar um candidato da família Bolsonaro. A proximidade com Trump, antes vista como trunfo, tornou-se um fardo político.

Enquanto isso, a rotina de Jair Bolsonaro em Brasília reflete a pressão que enfrenta. Após as 17h, repórteres acompanham seu trajeto da sede do Partido Liberal, na Asa Sul, até sua residência no Jardim Botânico, um percurso de menos de 20 minutos que, na quinta-feira, dia 24, levou 42 minutos. O objetivo é verificar se ele cumpre as restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, como estar em casa antes das 19h. Essa vigilância midiática é um lembrete constante do cerco judicial que se fecha. Em menos de 60 dias, Bolsonaro pode ser condenado a mais de 30 anos de prisão por envolvimento na tentativa de golpe de Estado. Recursos judiciais são esperados, mas a possibilidade de prisão domiciliar, antes considerada certa, agora é incerta devido às ameaças de Trump contra o STF e à revogação dos vistos de seus ministros.

A pressão da família Bolsonaro por uma intervenção de Trump reflete o desespero diante do calendário judicial, mas o resultado tem sido o isolamento político e a redução de suas chances eleitorais.


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