O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta um novo capítulo em sua situação jurídica após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou sua prisão domiciliar em 4 de agosto de 2025. A medida, motivada pelo descumprimento de restrições judiciais anteriores, impõe mudanças drásticas na rotina de Bolsonaro, confinando-o em sua residência em Brasília e restringindo contatos e comunicações.
Desde 18 de julho de 2025, Bolsonaro já cumpria medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa à noite (das 19h às 6h) e nos finais de semana, além de restrições de viagem fora de Brasília, onde vive com sua esposa, Michelle. Apesar dessas limitações, ele ainda podia se reunir com aliados, participar de eventos do Partido Liberal (PL), conceder entrevistas e circular livremente durante o dia. Contudo, sua participação virtual em manifestações de apoio no dia 3 de agosto, por meio de mensagens divulgadas nas redes sociais de aliados, incluindo seus filhos, levou Moraes a considerar que as regras foram violadas.
Com a prisão domiciliar, Bolsonaro agora está proibido de deixar sua residência em qualquer horário, receber visitas — exceto de advogados ou pessoas autorizadas pelo STF — e usar celulares. A Polícia Federal realizou buscas em sua casa no mesmo dia da decisão, apreendendo seu telefone para garantir o cumprimento da ordem. A medida é semelhante a um regime fechado, com restrições rigorosas que isolam o ex-presidente de aliados, parlamentares e até familiares, como seus filhos.
Na decisão, Moraes alertou: “O descumprimento das regras da prisão domiciliar ou de qualquer uma das medidas cautelares implicará na sua revogação e na decretação imediata da prisão preventiva.” A justificativa do ministro aponta que Bolsonaro utilizou redes sociais de terceiros, incluindo as de seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos, para divulgar mensagens que incentivariam ataques ao STF e apoio a intervenções estrangeiras, configurando tentativa de obstrução da Justiça.
Bolsonaro é investigado em inquéritos no STF, incluindo a Ação Penal 2668, que apura crimes como tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já pediu sua condenação, com julgamento previsto para ocorrer entre agosto e setembro de 2025. A defesa de Bolsonaro contesta a decisão, afirmando que ele não descumpriu as medidas e que as falas, como “Boa tarde, Copacabana, boa tarde meu Brasil, um abraço a todos, isso é pela nossa liberdade,” não configuram crime.
A prisão domiciliar intensifica as tensões no cenário jurídico, com a defesa do ex-presidente anunciando que recorrerá da decisão, enquanto o STF reforça a vigilância para assegurar que as investigações em curso não sejam comprometidas.
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