A Polícia Federal (PF) afastou Marcelo Lima (Podemos), prefeito de São Bernardo do Campo, do cargo em 14 de agosto de 2025, após investigações que o identificaram como beneficiário de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, recursos desviados de contratos com a prefeitura e a Fundação ABC, organização que gerencia unidades de saúde na cidade, eram usados para pagar despesas pessoais de Lima, incluindo passagens aéreas, mensalidades da faculdade de sua filha e contas de cartão de crédito.
Esquema financiava gastos familiares
A investigação revelou que Paulo Iran Paulino Costa, ex-assessor parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), atuava como principal operador do esquema. Ele seria responsável por arrecadar recursos de empresas com contratos municipais e quitar despesas da família do prefeito. Entre os gastos identificados estão uma passagem aérea de ida e volta de São Paulo a Washington, nos Estados Unidos, no valor de R$ 19.182, para Rosangela dos Santos Lima Fernandes, esposa de Lima, entre junho e julho de 2025. Uma conta telefônica de Rosangela, no valor de R$ 922, também foi paga por Iran em julho.
Conversas de WhatsApp entre Lima e Iran, citadas na investigação, mostram o prefeito pedindo “5 para Zana”, apelido de sua esposa, em agosto de 2022. Anotações informais em post-its, encontradas pela PF, registravam transferências via Pix para Rosangela, variando entre R$ 2.140 e R$ 5.880. Além disso, Iran pagou uma fatura de cartão de crédito de Lima, no valor de cerca de R$ 32.000, em julho, e quitou mensalidades da faculdade de medicina da filha do prefeito, Gabriele Lima Fernandes, no valor de R$ 8.248, além de um boleto de R$ 2.565, ambos em agosto de 2022.
A operação da PF, batizada de Estafeta, resultou na apreensão de R$ 12 milhões e US$ 156.000 em espécie com Iran, que está foragido após ser alvo de mandado de prisão. Outros envolvidos incluem Antônio Rene da Silva Chagas, diretor de departamento na Secretaria de Coordenação Governamental, Fábio Prado, secretário de coordenação governamental, e Roque Araújo Neto, servidor da Câmara Municipal, todos citados no esquema. Edmilson Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco, também foi detido por supostamente realizar repasses para o grupo.
Funcionamento do esquema de corrupção
De acordo com a PF, o esquema envolvia empresas que prestavam serviços em áreas como saúde, informática, limpeza urbana e transporte público, com contratos junto à prefeitura de São Bernardo e à Fundação ABC. Essas empresas, segundo a investigação, faziam repasses para garantir a manutenção ou obtenção de contratos públicos. Os recursos eram recebidos diretamente por Paulo Iran ou por meio de outros servidores, como Chagas, Prado, Roque Araújo Neto, o vereador Danilo Lima de Ramos, presidente da Câmara Municipal, o ex-vereador Ary Oliveira e o ex-secretário municipal Paulo Guidetti.
A prefeitura de São Bernardo, em nota, informou que “irá colaborar com todas as informações necessárias em relação ao caso” e que “a gestão municipal é a principal interessada para que tudo seja devidamente apurado”. A nota reforça que “o episódio não afeta os serviços na cidade”. Ary Oliveira, por meio das redes sociais, declarou que “desconhece” os motivos de sua citação na investigação e que se manifestará novamente após obter mais detalhes.
Paulo Iran foi exonerado de seu cargo na Alesp, onde atuava como assessor do deputado Rodrigo Moraes (PL). Moraes afirmou que tomou a medida assim que soube da investigação. A PF também prendeu Antônio Rene da Silva Chagas, enquanto Fábio Prado e Roque Araújo Neto não tiveram suas situações detalhadas pela reportagem.
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