Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) na quarta-feira, 20 de agosto de 2025, revelam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou orientações ao advogado Martin de Luca, ligado às empresas Rumble e Trump Media & Technology Group no Brasil, para redigir uma nota pública sobre as sobretaxas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), a produtos brasileiros. A troca de mensagens ocorreu em 14 de julho, cinco dias após o anúncio do tarifaço, em 9 de julho.
Nos áudios, Bolsonaro pede desculpas a Martin de Luca pela demanda e expressa sua intenção de elogiar Trump na nota, destacando que “a liberdade supera as questões econômicas”. Ele também manifesta gratidão ao presidente norte-americano, que justificou as sanções contra autoridades brasileiras alegando que Bolsonaro sofre “perseguição” política. O ex-presidente diz estar “muito feliz” com o apoio de Trump e pede ao advogado um “resumo” para aprimorar a comunicação sobre o tema. A íntegra da mensagem de Bolsonaro é:
“Martin, me dá uma orientação, por favor, me desculpe a ousadia. Fiz uma nota, acho que te enviei, com quatro parágrafos curtos, elogiando o Trump, falando que a liberdade está acima da economia. A perseguição contra mim também. Fiquei muito feliz com o apoio do Trump, tenho muita gratidão. Me ajuda com uma nota curta para publicar nas minhas redes, algo que ecoe bem. Valeu, Martin.”
Martin de Luca respondeu que enviaria sugestões para melhorar a abordagem sobre o tarifaço. Além disso, Bolsonaro discutiu o tom da nota com o pastor Silas Malafaia, aliado próximo. Segundo relatório da PF (PDF – 9,3 MB), Malafaia atua de forma coordenada com outros investigados, promovendo narrativas falsas e estratégias para pressionar o Judiciário. Na mesma quarta-feira, o pastor foi alvo de busca e apreensão no aeroporto do Galeão (RJ), após retornar de Lisboa, e foi levado para as instalações da PF no local.
A PF também indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no âmbito do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, no qual Jair Bolsonaro é o principal acusado. A investigação aponta que Eduardo articulou, nos Estados Unidos, ações de pressão e sanções contra autoridades brasileiras.
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