No município de Conde, localizado no litoral norte da Bahia, a administração do prefeito Anísio Madeirol (União Brasil) anunciou, em 15 de setembro de 2025, a demissão de cerca de 90 servidores públicos de diversas secretarias. A decisão, que pegou muitos trabalhadores de surpresa, foi justificada pela prefeitura como uma ação emergencial para reequilibrar as finanças municipais, afetadas, segundo a gestão, pelos elevados gastos com as comemorações do aniversário da cidade, ocorrido em 10 de agosto.
Os cortes geraram um clima de tensão e incerteza entre os funcionários públicos e a população local. "Aproximadamente 90 trabalhadores foram desligados", relataram ex-servidores, destacando a preocupação com o impacto econômico imediato na região, já que a perda de renda pode comprometer o comércio e a dinâmica financeira do município. Entre os demitidos, estão profissionais recém-contratados, o que intensificou as críticas à medida.
A gestão municipal informou que os custos elevados com o evento festivo comprometeram o orçamento, obrigando a adoção de medidas drásticas. "Os altos gastos realizados no aniversário da cidade, no último dia 10 de agosto, geraram impacto financeiro", afirmou a administração, conforme relatos dos servidores. A prefeitura ainda sinalizou a possibilidade de recontratar parte dos funcionários após um período de três meses, mas a promessa não aliviou as preocupações dos afetados.
Inadimplência e problemas na gestão
Conde enfrenta desafios adicionais que agravam o cenário. O município está listado como inadimplente no sistema eletrônico do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (e-TCM), plataforma que promove transparência e controle social sobre as contas públicas. O prefeito Anísio Madeirol também aparece na relação de gestores com pendências no órgão, o que levanta questionamentos sobre a administração municipal. A inadimplência pode resultar da falta de prestação de contas, envio incompleto de documentos ou descumprimento de prazos legais, trazendo sérias consequências, como restrições para celebrar convênios e receber recursos estaduais ou federais, o que prejudica investimentos em serviços essenciais.
Madeirol, que assumiu a prefeitura em 2024, já enfrentou denúncias relacionadas a possíveis irregularidades em processos licitatórios e críticas pela falta de transparência. Em fevereiro de 2025, a administração abriu uma licitação de quase R$ 10 milhões para serviços de coleta de lixo, abrangendo a sede, distritos, povoados e litoral do município. O contrato, com duração de 12 meses e prorrogável conforme a lei 8.666/1993, destinou-se à limpeza de 16.380 km de vias públicas. No entanto, o valor da licitação, que representa mais de 70% da receita própria do município em 2023 (R$ 12.425.983,40), gerou debates entre os moradores, que questionam a proporção do gasto.
A situação expõe a fragilidade financeira de Conde e reacende discussões sobre a gestão de recursos públicos. A demissão em massa, somada às restrições impostas pela inadimplência no e-TCM, coloca a administração de Madeirol sob pressão para apresentar soluções que minimizem os impactos na população e nos servidores exonerados.
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