O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), oficializou nesta quinta-feira (18) a escolha do deputado Paulo Pereira da Silva, conhecido como Paulinho da Força (Solidariedade-SP), para relatar o projeto de lei que discute a anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Próximo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Paulinho atuará como interlocutor em tratativas envolvendo o STF e o Palácio do Planalto, com o objetivo de elaborar um novo texto que priorize a redução de penas em substituição à anistia ampla defendida por setores bolsonaristas. Essa estratégia busca contrabalançar a proposta de perdão irrestrito associada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, e atrair apoio de parlamentares da esquerda ao limitar as punições sem extingui-las completamente.
A indicação de Paulinho da Força reflete sua posição central na política brasileira, com relações equilibradas entre líderes partidários, auxiliares do presidente Lula e autoridades judiciais. Apesar de críticas iniciais da direita devido ao seu histórico sindical e oposição anterior à anistia – em abril, ele se manifestou contra o perdão e a redução de penas para os envolvidos na trama golpista –, aliados destacam sua capacidade para mediar negociações complexas. O deputado pretende apresentar um parecer que modifique o projeto original, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), transformando-o em uma alteração no Código Penal para crimes relacionados aos atos antidemocráticos.
Entre as mudanças em discussão, está a diminuição das penas para o crime de abolição violenta do Estado democrático de Direito, atualmente entre 4 e 8 anos de prisão, para um intervalo de 2 a 6 anos. Da mesma forma, o delito de golpe de Estado, punido com 4 a 12 anos, seria ajustado para 2 a 8 anos. Essa abordagem diferenciaria punições mais leves para participantes como "massa de manobra" em protestos, enquanto agravaria sanções para organizadores, financiadores e líderes de ações semelhantes. O texto também poderia beneficiar figuras como o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado a 16 anos de prisão com perda de mandato, permitindo reconsiderações nas sentenças existentes.
A aprovação da urgência do projeto na quarta-feira (17) pela Câmara, por ampla maioria, marcou uma vitória simbólica para a oposição, ocorrida uma semana após a condenação de Bolsonaro pela Primeira Turma do STF. No entanto, Motta enfatizou a busca por "pacificação nacional", afirmando que o objetivo não é "apagar o passado". Líderes do Centrão planejam um cronograma de diálogos com as bancadas para alcançar consenso, considerando que uma anistia plena seria barrada pelo STF por violar cláusulas pétreas da Constituição. Ministros da Corte já sinalizaram preferência por uma proposta de redução de penas, vista como mais viável juridicamente.
O governo e o PT apresentam visões divergentes sobre o tema: enquanto parte da base aliada apoia a modulação de sanções como forma de humanizar as punições, o líder petista Lindbergh Farias (RJ) criticou Motta por supostamente ceder a pressões de bolsonaristas, referindo-se a um protesto recente na Câmara contra a prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada por Moraes. Ativistas e setores da esquerda expressam preocupação com qualquer flexibilização que possa ser interpretada como leniência, mas o deputado Paulinho da Força trabalha para convencer esses grupos ao destacar que a proposta mantém a responsabilização pelos crimes contra a democracia. A expectativa é de que a votação do texto revisado ocorra na próxima semana, dependendo do sucesso das negociações.
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