O governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avalia incluir na pauta de negociações com os Estados Unidos temas como a exploração de minerais críticos e a regulação de grandes empresas de tecnologia. Esses pontos devem ser discutidos em um possível encontro bilateral com o presidente americano, Donald Trump, conforme fontes próximas às tratativas. A agenda comercial está no centro das conversas, mas questões políticas, como pressões para interferir no Judiciário brasileiro em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, foram categoricamente descartadas pelo Planalto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a importância de focar em “coisas que realmente importam”, como parcerias econômicas e investimentos mútuos. “Nós temos muitos termos de acordo que já estavam em processo e podem ser retomados se as coisas voltarem à normalidade. As tratativas até o governo anterior eram no campo basicamente de transformação produtivas, envolvia energia limpa, minerais raros, biocombustíveis”, afirmou Haddad. Ele também sinalizou que os EUA, carentes de minerais estratégicos como lítio e nióbio, poderiam se beneficiar de parcerias com o Brasil, especialmente para a produção de tecnologias como baterias e turbinas eólicas.
No que diz respeito às big techs, o governo Trump demonstra resistência a qualquer regulação que modere conteúdo em plataformas digitais, enxergando isso como possível censura. No entanto, o Brasil insiste na soberania para legislar sobre o tema. Lula, em discurso anterior, reforçou a posição nacional: “Nós vamos começar a fazer, estou criando um conselho que será ligado à presidência e será tratado como questão de soberania nacional. Isso não significa que a gente não pode negociar com outros países do mundo, que a gente possa fazer parceria de empresas estrangeiras virem para o Brasil explorar minerais críticos.”
A negociação também enfrenta desafios. Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, citando como justificativa o processo judicial contra Bolsonaro e supostas barreiras comerciais do Brasil, embora oito dos dez principais produtos exportados pelos EUA ao Brasil já tenham tarifa zero. Representantes do setor privado brasileiro, que veem com otimismo o início de um diálogo comercial, expressaram preocupação com possíveis demandas americanas que sejam desvantajosas. “Há o temor de que o lado americano tenha pleitos que sejam absurdos ou francamente desvantajosos para o Brasil”, afirmou uma fonte familiarizada com as negociações do setor privado.
O interesse dos EUA em minerais críticos, como terras raras, foi comunicado por Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, em reunião com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Raul Jungmann, presidente do Ibram, informou que deixou claro que decisões sobre esses recursos cabem ao governo brasileiro: “Foi demonstrado o interesse dos Estados Unidos nos chamados minerais críticos e estratégicos, mas deixamos claro que cabe ao governo decidir.” O vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera as negociações, foi informado do interesse americano, e uma comitiva de empresários brasileiros planeja viajar aos EUA para discutir o tema diretamente com importadores.
Apesar das tensões, o Brasil mantém uma postura de diálogo, mas sem ceder em questões de soberania. O governo Lula trabalha na criação de uma Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, com foco em atrair investimentos sustentáveis antes da COP-30, em Belém. A estratégia inclui a emissão de debêntures incentivadas no setor mineral, reforçando a importância econômica e tecnológica desses recursos para o país.
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